Aumento da população agrava a emissão de gases de efeito estufa
Pesquisadores americanos indicam que a cada aumento de 1% da população, a emissão de gases cresce em mais de 1%
![Pedestres caminham em direção à estação de trem, em Chicago, Illinois](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/05/aumento-populacao-mundial-20111031-01-original1.jpeg?quality=90&strip=info&w=1040&h=585&crop=1)
A superpopulação é um dos fatores que pressionam o meio ambiente, ao aumentar o consumo de recursos naturais. Uma nova pesquisa, porém, indica que o impacto do crescimento populacional pode ser maior do que se imaginava. “Olhando para a maioria das nações durante as últimas décadas, nós descobrimos que para cada 1% de aumento da população, nós atingimos um pouco mais de 1% no aumento de emissões”, afirma Thomas Dietz, pesquisador da Universidade do Estado de Michigan.
Dietz e seu colega Eugene Rosa, da Universidade do Estado de Washington, publicaram no último domingo um artigo na revista Nature Climate Change detalhando esse fenômeno. No trabalho, eles analisaram de forma crítica os vários fatores que vêm sendo considerados suspeitos dos causadores da mudança climática, principalmente o crescimento da população mundial.
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EFEITO ESTUFA
O efeito estufa ocorre quando alguns gases da atmosfera aprisionam a radiação infravermelha. Esse efeito faz o planeta ficar mais quente, assim como uma estufa de plantas mantém a temperatura interior mais alta. O efeito estufa é causado por gases como o gás carbônico, o metano e o óxido nítrico. Quanto mais gases desse tipo existirem em suspensão, mais o ar retém o calor. É por isso que os gases do efeito estufa podem acelerar o aquecimento global.
No final do ano passado, a ONU divulgou que a população mundial chegou a 7 bilhões. As projeções são de que, até o final do século, esse número cresça para 10 bilhões. De acordo com Dietz “isso inquestionavelmente vai aumentar o impacto que nós causamos no planeta.”
Segundo os autores, até pouco tempo atrás o debate de mudanças climáticas estava focado em se ela foi provocada pela atividade humana. Recentemente, o debate mudou para que tipos de atividades estão criando esse efeito.
“Nenhum fator age de forma independente do outro”, diz Dietz, professor de sociologia e política e ciência do meio ambiente. “O efeito do tamanho da população depende do consumo, os efeitos de consumo dependem de quantas pessoas estão consumindo e em que nível.”
Tecnologia a favor do meio ambiente – O estudo analisou levou em conta parâmetros como o nível de consumo, a prosperidade dos países e o aumento da população.
Muitos acreditam que a mudança climática está relacionada com o desenvolvimento de um estado: as nações mais prósperas usam mais recursos, e então geram mais emissões.
Os autores indicam que, por outro lado, cidadãos de nações mais prósperas costumam ter mais consciência social e geralmente estão mais dispostos a trabalhar e pagar por um ambiente mais limpo.
“O aumento do uso de eletricidade gerada por fontes renováveis que não emitem gases do efeito estufa, por exemplo, podem parcialmente ou completamente compensar a tendência do aumento de emissões gerado pelo crescimento de prosperidade”, afirma Dietz.
De acordo com o estudo, o crescimento esperado para as próximas décadas em termos de economia e de número da população tende a elevar as emissões substancialmente.
A única salvação, para os autores, é o aprimoramento tecnológico e mudanças na forma que o homem usa os recursos. “Estas alterações terão de ser enormes, porque elas devem contrabalancear os aumentos substanciais da população, especialmente com o aumento da prosperidade”, afirma Dietz.