Astrônomos encontram o mais antigo quasar
Objeto a 12,9 bilhões de anos-luz de distância da Terra fornece pistas sobre a formação e evolução do universo logo após o Big Bang
Astrônomos encontraram a 12,9 bilhões de anos-luz da Terra o mais antigo quasar já visto até hoje. A descoberta foi feita a partir de observações realizadas com o telescópio do Observatório Austral Europeu (ESO, na sigla em inglês), em Cerro Paranal, no Chile, e será relatada na revista Nature.
Chamado de ULAS J1120+0641, este quasar recém descoberto pode ser estudado como um registro do universo apenas 770 milhões de anos após o Big Bang, a “grande explosão”, 13,7 bilhões de anos atrás. Embora outros objetos mais distantes já tenham sido encontrados, nenhum deles possuía o mesmo brilho intenso. O segundo quasar mais distante já visto até agora podia fornecer dados de um universo com 870 milhões de anos.
Quasares são decobertas relativamente recentes da astronomia. O primeiro foi localizado em 1963, notado como uma fonte de radiação “quase estelar” (“Quasi Stellar Astronomical Radiosource”, inglês), daí o termo quasar. São corpos parecidos com estrelas, só que com muito mais massa e emissão de radiação.
Localizados nos confins do universo, estes objetos podem dar boas pistas de como o universo evoluiu após o Big Bang. Supõe-se que ocupem o núcleo de galáxias remotas – portanto antigas – e sejam “abastecidos” com a energia de buracos negros.
As observações feitas até agora mostram que a massa do buraco negro que alimentou o quasar ULAS J1120+0641 é cerca de 2 bilhões de vezes superior a do Sol, o que surpreendeu os cientistas. Isso porque, conforme hipótese corrente, buracos negros levariam bilhões de anos para sugar tanta matéria de seu entorno.
“Este quasar é uma prova vital dos primórdios do universo. É um objeto muito raro que vai nos ajudar a entender como buracos negros supermassivos cresceram há alguns milhões de anos após o Big Bang”, diz Stephen Warren, pesquisador responsável pelo estudo.
As distâncias até o quasar foram determinadas com observações realizadas com o instrumento FORS2 do Very Large Telescope (VLT), do ESO, e instrumentos do Gemini North Telescope, construído no Havaí por um consórcio internacional. Por ser relativamente brilhante, pesquisadores conseguem analisar satisfatoriamente seu espectro e detalhes de seus componentes.