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Após Fukushima, a energia nuclear fica novamente no banco dos réus

Por Por Marc Preel
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h51 - Publicado em 9 dez 2011, 12h23

O desastre de 11 de março de 2011 e a catástrofe de Fukushima afundaram a tecnologia nuclear em uma nova crise existencial, com o fim do átomo para uso civil decretado em vários países da Europa e uma redução de seu uso no Japão.

Quando o mortífero tsunami se abateu sobre a costa leste japonesa após um terremoto extremo no dia 11 de março, os reatores 1 a 4, os mais danificados dos seis da central de Fukushima, terminaram com seus geradores de auxílio submersos pela onda de 14 metros.

Nada esfriava o combustível que entrou em fusão. As explosões de hidrogênio destruíram os edifícios superiores e projetaram enormes quantidades de material radioativo no meio ambiente.

O acidente obrigou milhares de pessoas a abandonar suas casas situadas a menos de 20 km da central e empurrou um total de 150 mil residentes da cidade de Fukushima a se mudar, mas não foi registrada nenhuma morte pela catástrofe.

A 25 anos de Chernobyl, o mundo descobriu uma nova “terra de ninguém” com sua angustiante e invisível radioatividade. O ultramoderno Japão viu suas certezas cambalearem, com um perfume de opacidade das autoridades ao fundo.

Após pulverizar os reatores noite e dia com água do mar e depois com água doce, os trabalhadores e técnicos – que se expuseram a grandes doses de radioatividade – conseguiram deter o processo infernal e, depois de vários meses, estabilizam a temperatura do combustível.

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Mas a onda expansiva foi mundial. No fim de maio, a Alemanha anunciou que deteria seus 17 reatores até 2022. A Suíça projetou sua saída do átomo para 2034. Em junho, a Itália confirmou em um referendo o abandono do átomo, efetivo desde 1990. E a Bélgica se preparou para seguir o mesmo caminho.

Na França, onde o átomo gera 75% da eletricidade que consome, o consenso fechado nos anos 60 entrou em erosão e a energia nuclear foi incluída como um tema da campanha eleitoral de 2012.

Para restabelecer a confiança, as autoridades de segurança nuclear através do mundo lançaram simulações de emergência e atrasaram diversos projetos. Com a opinião pública traumatizada, o Japão suspendeu seus reatores para inspeção: restam apenas 9 ativos dos 54 que o arquipélago possui, e pode deixar de gerar eletricidade de origem nuclear em meados de 2012.

As decisões sobre estes testes devem ser publicadas em 2012, mas algo fica claro: para enfrentar o impensável, a segurança deverá ser reforçada e a energia nuclear será mais cara e, portanto, menos competitiva.

Que impacto terá para o setor? Após este terceiro grande acidente – Three Mile Island em 1979, Chernobyl em 1986 e Fukushima em 2011 – os americanos e japoneses GE-Hitachi e Toshiba-Westinghouse, o russo Rosatom e o francês Areva estão em meio à neblina.

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Antes de 11 de março, prometiam “o reconhecimento” da energia nuclear como uma alternativa para reduzir as emissões de CO2 e salvar o clima, diante do encarecimento da energia fóssil.

Está excluído um colapso total do setor, mas o cenário apresentado com mais frequência é o de um crescimento modesto. Uma hipótese pessimista da Agência Internacional de Energia (AIE) avalia uma contração de 15% do parque instalado, a anulação da metade dos projetos e nenhuma obra nova nos países desenvolvidos.

Uma certeza: a Ásia, onde estão situados três quartos dos 62 reatores em construção (com 441 reatores ativos antes de Fukushima), impulsionará o setor. China e Índia, gigantes vorazes em carvão, não podem diversificar sua eletricidade. Alguns países europeus mantêm, no entanto, sua política, como Grã-Bretanha, Finlândia, Suécia ou Polônia.

Outro dilema: sem energia nuclear, como é possível conquistar a transição energética sem retornar à térmica? Mesmo se seu custo baixar, a eólica e a solar subsidiadas sofrem pela austeridade. Outra fonte de energia pode ver que se aproxima sua idade de ouro: o gás.

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