Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Amazônia sofre explosão na emissão de gases de efeito estufa, diz Inpe

Pesquisa mostra diminuição significativa do cumprimento das regulações ambientais e o possível agravamento do panorama com o El Niño

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 ago 2023, 15h45 - Publicado em 23 ago 2023, 15h37

Nesta quarta-feira, 23, em Brasília, um alerta importante sobre a devastação na região amazônica foi emitido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No Brasil, faltam políticas públicas para a preservação do meio ambiente e modelos de desenvolvimento econômico de valorização da floresta em pé. A mensagem veio como conclusão de um estudo amplo, que registra dados sobre o aumento da emissão de gases do efeito na Amazônia e a queda vertiginosa do cumprimento das regulações ambientais.

Um dia antes da cerimônia de apresentação, a pesquisa foi publicada na renomada revista Nature, com a assinatura de 30 cientistas, a maioria de instituições nacionais, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e estrangeiras.” Essa pesquisa reforça o compromisso do Brasil com a verdade”, disse a ministra da pasta Luciana Santos, que estava presente na cerimônia. “Ela exige um compromisso ainda maior do governo.”

O laboratório de Gases de Efeito do Inpe mediu a emissão de CO2, em 2019 e 2020, e comparou com a média registrada entre 2010 e 2018. No primeiro ano, houve aumento de 89% e no segundo, 122%. Ainda nesse recorte temporal, a equipe levantou dados de cumprimento de regulações ambientais, como pagamento de multas, e de desmatamento. “A devastação da floresta foi de 82%, em 2019, e, 77%, em 2020”, diz Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe. Também houve aumento da área queimada em 14% (2019) e em 42% (2020). Em contrapartida, as multas reduziram em 30% e 54%, assim como o pagamento das mesmas, em 74% e 89%. “É o modelo econômico da Amazônia que está por trás disso”, completou. A pesquisa destaca que, durante 2019 e 2020, a exportação de madeira aumentou em 700%, a área plantada da soja, em 68%, e a do milho, em 58%. Já o rebanho bovino cresceu 14%.

Para dar uma ideia do que significa a quantidade de emissão de CO2 registrada pela pesquisa, o Inpe levantou dados de 2015 e 2016, período de incidência do último El Niño de grande intensidade no mundo. Fenômeno natural de aquecimento de parte do Oceano Pacífico, que acontece em média a cada sete anos, ele altera ventos e precipitações e, consequentemente, leva à elevação das temperaturas e diminuição significativa da umidade do ar. Nessa época, a mudança no clima foi de tal ordem, que provocou uma série de queimadas em áreas florestais, que entrou para o registro histórico como período de grande emissão de CO2. Chama atenção o fato da quantidade de CO2 emitido entre 2019 e 2020 ser comparável com a desse período atípico de El Niño, entre 2015 e 2016. “Em 2019 e 2020, a emissão alta do carbono, não veio de queimadas, mas da alta extração de madeira”, explica Gatti.

A pesquisa destaca a urgência imediata do monitoramento e controle mais severo nessa região, uma vez que El Niño voltou a se formar, nas águas do Pacífico, em junho. Como existe chances de o fenômeno ganhar forte intensidade, aumentam as probabilidades de queimadas naturais, o que pode piorar em muito a emissão de gases do efeito estufa, que já está alta. “Estamos na batalha para o governo assumir a tarefa de zerar o desmatamento antes de 2030 e reflorestar as regiões mais críticas para impedir que a Amazônia chegue ao ponto que não se recuperar mais”, diz Gatti.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.