Adolescentes com depressão têm cérebros “superconectados”
Essa atividade está relacionada com um processo chamado de ruminação, que é a tendência de remoer um problema, sem tentar encontrar a solução
Jovens que sofrem de depressão podem ter uma alteração na comunicação entre regiões do cérebro. De acordo com uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira no periódico PLOS ONE, o órgão desses pacientes possui uma “superconexão” emocional e cognitiva, um fator que pode predispor a novos episódios da doença.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Increased Coupling of Intrinsic Networks in Remitted Depressed Youth Predicts Rumination and Cognitive Control
Onde foi divulgada: PLOS ONE
Quem fez: Rachel H. Jacobs, Lisanne M. Jenkins, Laura B. Gabriel, Alyssa Barba, Kelly A. Ryan, Sara L. Weisenbach, Alvaro Verges, entre outros.
Instituição: Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.
Resultado: Jovens adultos que tiveram depressão na adolescência tinham uma “superconexão” entre algumas regiões do cérebro, o que pode ser um fator de risco para a reincidência da doença.
Cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, analisaram ressonâncias magnéticas do cérebro de pessoas de 18 a 23 anos. Dentre os participantes, 30 já tinham tido depressão, e outros 23 eram saudáveis. “Nós quisemos observar se os indivíduos que sofreram a doença na adolescência eram diferentes dos saudáveis”, explica a líder do estudo, Rachel Jacobs, professora assistente da universidade.
Ruminação – Os pesquisadores encontraram várias regiões do cérebro “superconectadas” nos voluntários com histórico de depressão. “Isso significa que essas áreas do cérebro se comunicavam umas com as outras mais que o normal”, diz Rachel. Essa superconexão está relacionada com a tendência de pensar muito em um problema, sem tentar encontrar uma solução – um processo chamado de ruminação.
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“A ruminação não é um caminho muito saudável de processar a emoção. Ela é um fator de risco para a depressão e para a reincidência da doença”, diz Scott Langenecker, coautor do estudo.
Controle – Também foi analisado no estudo o controle cognitivo dos voluntários, que se baseia na habilidade do indivíduo de tentar resolver um problema. Ele é importante para determinar se o paciente responderá ao tratamento da depressão – quanto menor o controle, mais difícil a cura da doença. “O controle cognitivo e a ruminação são relacionados. Quando a ruminação cresce, o controle cognitivo diminui. O tratamento com terapia e remédio pode ajudar, mas depois de dois anos a doença tende a voltar”, diz Langenecker.
Os pesquisadores vão continuar acompanhando os pacientes para analisar se essas superconexões podem causar novos episódios de depressão.