Ação contra operadora do Titan alega que tripulação sabia que ia morrer
Família de um dos tripulantes mortos em junho de 2023 pede 50 milhões de dólares de compensação financeira
A família de Paul-Henri Nargeolet, um dos cinco tripulantes que morreram na implosão do submersível Titan em junho de 2023, entrou com uma ação por homicídio culposo contra a OceanGate, operadora responsável pela expedição ao local onde estão os destroços do Titanic. Os familiares acusam a empresa e seu CEO, Stockton Rush, também morto no incidente, de negligência e de esconder falhas na embarcação, além de pedir 50 milhões de dólares a título de compensação.
Na argumentação por escrito, os advogados alegam que a tripulação provavelmente estava ciente de sua morte iminente em seus momentos finais. A ação sugere que os tripulantes podem ter ouvido o casco de fibra de carbono rachando sob pressão e percebido que a embarcação estava falhando. O mecanismo de segurança para reduzir o peso em resposta à rachadura do casco supostamente não funcionou.
Nargeolet estava entre as cinco pessoas que morreram quando o veículo implodiu durante uma expedição ao famoso local do naufrágio do Titanic, no Atlântico Norte, em junho de 2023. Conhecido como “Sr. Titanic”, o empresário já havia visitado o local outras vezes e era considerado um dos maiores especialistas do mundo sobre o tema.
Além do francês e de Rush, também estavam no submersível o empresário paquistanês Shahzada Dawood, junto de seu filho, Suleman, e o britânico Hamish Harding. Ninguém sobreviveu.
Rory Golden, um amigo de Nargeolet que estava no navio de apoio, falou recentemente sobre a atmosfera de medo e falsas esperanças durante a tentativa de resgate. Após o desastre, a Guarda Costeira dos EUA abriu um inquérito sobre o incidente para determinar sua causa. Uma audiência pública está marcada para setembro. A OceanGate, que está com as operações suspensas, se recusou a comentar sobre a ação.
Relembre a história
O episódio trágico ocorreu em 18 junho de 2023, quando a OceanGate Expeditions realizava uma expedição em direção aos destroços do Titanic. O veículo, operado pela empresa com sede nos Estados Unidos, começou sua descida submarina às 6h do domingo, no horário local. A embarcação utilizava o equipamento de internet da Starlink, empresa de Elon Musk, para manter contato com um navio na superfície, mas essa conexão foi perdida alguns minutos após a descida, quando o veículo já estava a uma profundidade de aproximadamente 3.300 metros.
Segundo o cofundador da empresa, Guillermo Söhnlein, em caso de perda de contato o veículo deveria retornar a superfície, mas isso não ocorreu. Após quatro dias, quando a expectativa era de que o oxigênio do Titan já teria acabado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmaram ter encontrado os destroços e afirmaram que o achado era consistente com “perda catastrófica”. Os restos foram encontrados a cerca de 300 metros de distância do Titanic, 700 quilômetros ao sul de Newfoundland, de onde o submersível partiu.
Em 2018, um grupo de especialistas que incluía oceanógrafos, executivos de empresas submersíveis e exploradores de águas profundas alertaram que tinham preocupação com o design da embarcação e temiam que o Titan não tivesse seguido os procedimentos de certificação padrão, mas a empresa ignorou o aviso. Uma investigação realizada pela Guarda Costeira está em andamento até hoje e, em setembro, uma importância audiência será realizada como parte do inquérito.