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Ação contra operadora do Titan alega que tripulação sabia que ia morrer

Família de um dos tripulantes mortos em junho de 2023 pede 50 milhões de dólares de compensação financeira

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 ago 2024, 15h02

A família de Paul-Henri Nargeolet, um dos cinco tripulantes que morreram na implosão do submersível Titan em junho de 2023, entrou com uma ação por homicídio culposo contra a OceanGate, operadora responsável pela expedição ao local onde estão os destroços do Titanic. Os familiares acusam a empresa e seu CEO, Stockton Rush, também morto no incidente, de negligência e de esconder falhas na embarcação, além de pedir 50 milhões de dólares a título de compensação.

Na argumentação por escrito, os advogados alegam que a tripulação provavelmente estava ciente de sua morte iminente em seus momentos finais. A ação sugere que os tripulantes podem ter ouvido o casco de fibra de carbono rachando sob pressão e percebido que a embarcação estava falhando. O mecanismo de segurança para reduzir o peso em resposta à rachadura do casco supostamente não funcionou.

Nargeolet estava entre as cinco pessoas que morreram quando o veículo implodiu durante uma expedição ao famoso local do naufrágio do Titanic, no Atlântico Norte, em junho de 2023. Conhecido como “Sr. Titanic”, o empresário já havia visitado o local outras vezes e era considerado um dos maiores especialistas do mundo sobre o tema.

Além do francês e de Rush, também estavam no submersível o empresário paquistanês Shahzada Dawood, junto de seu filho, Suleman, e o britânico Hamish Harding. Ninguém sobreviveu.

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Os passageiros do Titan, do alto, à esquerda, em sentido horário: Hamish Harding, Stockton Rush, Paul-Henri Nargeolet, Suleman Dawood e seu pai Shahzada Dawood
Os passageiros do Titan, do alto, à esquerda, em sentido horário: Hamish Harding, Stockton Rush, Suleman Dawood e seu pai Shahzada Dawood, e Paul-Henri Nargeolet – (Dirty Dozen Productions/ DAWOOD HERCULES CORPORATION/AFP)

Rory Golden, um amigo de Nargeolet que estava no navio de apoio, falou recentemente sobre a atmosfera de medo e falsas esperanças durante a tentativa de resgate. Após o desastre, a Guarda Costeira dos EUA abriu um inquérito sobre o incidente para determinar sua causa. Uma audiência pública está marcada para setembro. A OceanGate, que está com as operações suspensas, se recusou a comentar sobre a ação.

Relembre a história

O episódio trágico ocorreu em 18 junho de 2023, quando a OceanGate Expeditions realizava uma expedição em direção aos destroços do Titanic. O veículo, operado pela empresa com sede nos Estados Unidos, começou sua descida submarina às 6h do domingo, no horário local. A embarcação utilizava o equipamento de internet da Starlink, empresa de Elon Musk, para manter contato com um navio na superfície, mas essa conexão foi perdida alguns minutos após a descida, quando o veículo já estava a uma profundidade de aproximadamente 3.300 metros.

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Segundo o cofundador da empresa, Guillermo Söhnlein, em caso de perda de contato o veículo deveria retornar a superfície, mas isso não ocorreu. Após quatro dias, quando a expectativa era de que o oxigênio do Titan já teria acabado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmaram ter encontrado os destroços e afirmaram que o achado era consistente com “perda catastrófica”. Os restos foram encontrados a cerca de 300 metros de distância do Titanic, 700 quilômetros ao sul de Newfoundland, de onde o submersível partiu.

Em 2018, um grupo de especialistas que incluía oceanógrafos, executivos de empresas submersíveis e exploradores de águas profundas alertaram que tinham preocupação com o design da embarcação e temiam que o Titan não tivesse seguido os procedimentos de certificação padrão, mas a empresa ignorou o aviso. Uma investigação realizada pela Guarda Costeira está em andamento até hoje e, em setembro, uma importância audiência será realizada como parte do inquérito.

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