A Lua está encolhendo e isso pode afetar missões espaciais, diz estudo
Artigo identifica falhas propensas a terremotos e deslizamentos no polo sul lunar, que receberá astronautas
A Lua está diminuindo. Pelo menos é o que diz um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Apesar disso, ela não corre o risco de desaparecer. Pelo menos não nas próximas centenas de milhões de anos. A mudança é lenta, mas pode ser suficiente para causar deslizamentos e terremotos no polo sul do satélite natural, e essa não é uma boa notícia.
É justamente nessa extremidade que a Nasa planeja instalar uma estação espacial para receber astronautas em um futuro próximo. Naturalmente, o fato de essa região não ser estável afeta diretamente a qualidade das missões e a segurança dos viajantes lunares.
A modelagem desenvolvida no estudo sugere que eventos de deslizamento em falhas existentes ou na formação de novas falhas são capazes de gerar fortes tremores na região polar. Os pesquisadores alertam que a distribuição dessas falhas e seu potencial efeito devem ser considerados ao planejar a localização de postos avançados permanentes.
O estudo se concentrou na análise das escarpas lobadas, cristas largas que os cientistas acreditam terem sido formadas pela atividade tectônica. As análises da superfície lunar foram feitas com base em imagens recentes captadas pela Lunar Reconnaissance Orbiter, uma espaçonave lançada à órbita da Lua pela primeira vez em 2009, além de um conjunto de gravações colhidas por sismógrafos instalados durante as missões Apolo e que operaram até 1977.
De acordo com os cientistas, os dados sugerem que um dos terremotos mais fortes registrados pelos sismógrafos Apolo, que teria durado várias horas e atingindo magnitude 5, pode ter sido causado por uma escarpa lobada localizada no lado sul.
Os astrônomos salientam que a Lua é particularmente sensível aos deslizamentos de terra, não sendo preciso muito para que eventos graves aconteçam. Isso porque, ao longo de milhares de anos, a superfície árida da Lua foi atingida por asteroides e cometas, ejetando fragmentos das colisões no espaço. Isso fez com que a superfície lunar acabasse coberta por sedimentos soltos, tornando possível a ocorrência de tremores causados por choques entre diferentes corpos e por deslizamentos de terra.
Cabe dizer, porém, que os dados sobre a frequência e localização dos tremores lunares ainda são limitados, o que impacta diretamente na qualidade desse tipo de estudo. Apesar disso, as descobertas apresentadas oferecem novos perspectivas sobre a atividade geológica de nosso satélite natural e podem ser úteis no planejamento das futuras missões lunares.
“À medida que nos aproximamos da data de lançamento da missão tripulada Artemis, é importante manter os nossos astronautas, o nosso equipamento e a infraestrutura o mais seguros possível”, disse em nota Nicholas Schmerr, coautor do estudo e professor de geologia da Universidade de Maryland.