O doleiro Alberto Youssef, pivô do bilionário esquema de corrupção desarticulado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, bancou passagens aéreas de Brasília a São Paulo para assessores dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Cícero Lucena (PSDB-PB), informa reportagem desta terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo. O nome de Ciro Nogueira foi um dos políticos citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em depoimento à Polícia Federal. A lista foi revelada em edição de VEJA desta semana.
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Em acordo de delação premiada, Costa acusou uma verdadeira constelação de participar do esquema de corrupção. Entre eles estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Do Senado, Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR). Já no grupo de deputados figuram o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC), um dos mais ativos integrantes da bancada do PP na Casa. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP, é outro citado como destinatário da propina. Da lista de três “governadores” citados pelo ex-diretor, todos os políticos são de Estados onde a Petrobras tem grandes projetos em curso: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo.
Segundo o jornal, que afirma ter obtido acesso ao recibo de compra dos bilhetes aéreos, Mauro Conde Soares, que assessora Nogueira desde o início do mandato do parlamentar, e Luiz Paulo Gonçalves de Oliveira, que trabalha com Lucena há oito anos, voaram da capital federal rumo a São Paulo em 4 de janeiro de 2012, tendo voltado no mesmo dia. O boleto foi faturado pela Arbor Contábil, empresa da contadora do doleiro, Meire Poza, que ajuda a PF nas investigações sobre o caso.
Soares e Oliveira assessoram os parlamentares justamente na área de Orçamento. Dessa maneira, acompanham a destinação e a liberação de recursos destinados pelos parlamentares a obras e projetos. Procurado pelo jornal, Ciro Nogueira se disse “chocado” com a revelação – e prometeu demitir o funcionário. Soares alegou que viajou sem o conhecimento do senador. Já Lucena não foi localizado pela reportagem.
O assessor de Ciro Nogueira afirma que o grupo de Yousseff tinha interesse no fundo de pensão do Tocantins. Já os investigadores acreditam que os assessores tenham ido a São Paulo para tratar de um fundo de investimentos criado pelo doleiro.