O prefeito de Congonhas (MG), José de Freitas Cordeiro (PSDB), o Zelinho, relatou momentos de pânico da população da cidade após o tremor de terra registrado na noite desta segunda-feira 25. O município abriga em sua área urbana uma barragem cinco vezes maior do que a que se rompeu em Brumadinho, em janeiro deste ano.
“Até o descomissionamento (desativação) da barragem, vivemos um pesadelo diário aqui”, diz o prefeito sobre a o fim das atividades da barragem Casa de Pedra, da CSN Mineração (Companhia Siderúrgica Nacional), que recebe rejeitos há mais de 20 anos.
O abalo teve como epicentro o município vizinho de Belo Vale e foi avaliado em 3.2 na escala Richter, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília. De acordo com a CNS, foi descartado qualquer acidente com seus explosivos que pudesse ter causado o tremor. Não houve danos na estrutura da barragem Casa de Pedra, segundo a empresa.
Por estar situada cerca de 85 metros acima de bairros residenciais que abrigam cerca de 50 mil pessoas em Congonhas, a barragem foi a primeira preocupação das autoridades municipais e estaduais em decorrência do tremor. A Defesa Civil de Minas Gerais esteve no local, assim como funcionários da CSN e a ANM (Agência Nacional de Mineração), que atestaram a segurança da estrutura, segundo o prefeito. Mesmo assim, o clima de terror se instalou na cidade. “Teve gente que se recusava a voltar para casa com medo de a barragem se romper”, disse o prefeito. “Fechei uma creche e uma escola que ficavam perto da barragem como precaução”, continuou.
Segundo Zelinho, a rotina de fiscalização dos órgãos reguladores tem se intensificado desde a tragédia de Mariana e Brumadinho, onde morreram centenas de pessoas em consequência de rompimento de barragens muito próximas de áreas urbanas. Mesmo assim, o esforço não é suficiente. “Temos apenas quatro fiscais para monitorar mais de 400 barragens em Minas Gerais”, diz.
Desde janeiro, após a tragédia de Brumadinho, a CSN anunciou o início do processo de descomissionamento da barragem de Casa de Pedra, localizada na área urbana de Congonhas. A etapa de secagem, anterior à fase em que a montanha de rejeitos é reflorestada, deve demorar ao menos 20 anos, segundo o prefeito.