O advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, réu na Operação Lava Jato e laranja de Alberto Youssef, declarou nesta segunda-feira à Justiça Federal que os contatos do doleiro na Construtora Camargo Correa eram os executivos Eduardo Leite, vice presidente da empreiteira, e João Auler, membro do conselho de administração.
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O advogado foi ouvido como testemunha em uma das ações contra Youssef e colocado em liberdade por ter se comprometido a colaborar com as investigações.
O depoimento confirma as suspeitas da PF. Escutas revelaram trocas de mensagens entre Youssef, o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e uma pessoa apelidas de “Leitoso”, que seria um executivo da Camargo Corrêa.
“O que me disse o Alberto (Youssef) é que era um comissionamento sobre a negociação de venda de tubos da Sanko para a Camargo Corrêa. Não sei precisar qual o porcentual, não participei da negociação. Minha função era só como procurador da empresa (GFD)”, afirmou o advogado ao ser questionado sobre um contrato da Sanko com a GFD Investimentos.
As empresas do Grupo Sanko (Sanko Sider e Sanko Serviços) são citadas nas investigações do Ministério Público sobre os contratos para as obras da refinaria de Abreu e Lima da Petrobrás, em Pernambuco. O Consórcio CNCC (Consórcio Nacional Camargo Corrêa) foi o vencedor de uma das licitações das obras da refinaria em 2008 e contratou a Sanko Sider, que vendeu tubulações e conexões para a obra, e a Sanko Serviços.
O Grupo Sanko, então, firmou contratos com a MO Consultoria e a GFD Investimentos, empresas controladas por Youssef e colocadas em nome de laranjas. A MO era empresa meramente de fachada, enquanto a GFD seria utilizada para ocultação do patrimônio de Youssef. Carlos afirmou que um contrato de prestação de serviços da GFD com a Sanko nunca foi cumprido.
Segundo a denúncia do MPF, com base na quebra do sigilo fiscal das empresas, a Sanko Sider e a Sanko Serviços receberam R$ 113 milhões do CNCC e da Camargo Corrêa entre 2009 e 2013. Parte deste valor, de acordo com a Procuradoria, incluía contratos superfaturados e desvio de dinheiro de recursos da Petrobrás que seriam utilizados para pagamento de propina a políticos.
Procurados pela reportagem, o Consórcio CNCC e a empreiteira Camargo Corrêa divulgaram nota negando ter relacionamento comercial com Youssef ou qualquer uma de suas empresas.
(Com Estadão Conteúdo)