Venda do sítio do goleiro Bruno para empresário deve ser fechada esta semana
Propriedade onde Eliza Samudio foi mantida em cativeiro é negociada por 800 mil reais. Entre os interessados, estão cerca de 200 meros curiosos
“Recebemos também casais em que os homens queriam fechar o negócio, mas as mulheres, revoltadas com o crime, não deixaram”, disse o advogado Francisco de Assis Simim
Parte da história de um crime macabro, o sítio do goleiro Bruno Fernandes de Souza, acusado de matar a jovem Eliza Samudio no ano passado, ficou marcado pela peregrinação de policiais, escavações, buscas de todo tipo por um corpo que, até hoje, não apareceu. A imagem extremamente negativa da propriedade de 5.000 metros quadrados, no entanto, parece não afugentar os interessados em adquirir a casa e o terreno do jogador, anunciada por 800 mil reais.
Desde que foi anunciada a venda da propriedade, cerca de 200 ‘interessados’ manifestaram intenção de conhecer o local. A maior parte deles, no entanto, era de curiosos, certamente mais preocupados em conhecer detalhes da cena do crime do que em fechar negócio. Mas pelo menos quatro possíveis compradores fizeram propostas concretas. Uma delas, segundo o advogado Francisco de Assis Simim, que defende a ex-mulher do jogador, Dayanne de Souza, e que está a frente da venda, deve ser fechada nesta quinta-feira.
Entre os interessados, apareceu até um time de futebol – sem qualquer ligação com Bruno, ressalta Simim. Mas a melhor oferta veio de um grupo de empresários do ramo da mineração, que prometeu fechar negócio esta semana. “Foram vários telefonemas. Muitas pessoas visitaram o imóvel. A grande maioria, no entanto, atraída pela a história do crime que ganhou o mundo, gente que só queria conhecer o lugar”, conta o advogado.
Se os homens gostam do local, o mesmo não acontece com as mulheres. “Recebemos também casais em que os homens queriam fechar o negócio, mas as mulheres, revoltadas com o crime, não deixaram”, relatou Simim.
A ideia da venda da propriedade foi um acordo fechado entre o goleiro e Dayanne, que ainda são casados legalmente. O valor será dividido entre os dois. O advogado da jovem informou que após a venda ela pretende comprar um imóvel para viver com as filhas, de 5 e 3 anos. Desde que a morte de Eliza Samudio veio à tona, Bruno teve o contrato com o Flamengo suspenso e, desde então, não recebe pagamento. O salário do jogador era de aproximadamente 250 mil reais mensais. Dayanne está vivendo atualmente com as meninas no apartamento da mãe, na Pampulha, em Belo Horizonte.
Disputa – Assim que tomou conhecimento da intenção de venda do sítio, a advogada Maria Lúcia Borges, que defende Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza, e que mantém a guarda de Bruninho, filho da jovem assassinada, entrou com requerimento na 1ª Vara de Família da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, pedindo a indisponibilidade do imóvel.
Segundo a advogada, o procedimento já havia sido feito em relação a um apartamento que consta no nome do jogador, localizado no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Francisco Simim, porém, afirma não haver qualquer impedimento judicial. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) confirmou a informação do advogado, afirmando que, até a última segunda-feira (31 de maio), a juíza Marixa Fabiane Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem, onde tramita o processo sobre o sequestro e desaparecimento de Eliza, não recebeu nenhum pedido de embargo em relação à venda do imóvel.
É verdade que o sítio com piscina, casa de dois andares e campo de futebol, no comdomínio Turmalina, em Esmerandas – região metropolitana da capital mineira – está avaliado por um valor bem mais alto, em torno de 1,5 milhão de reais. Mas o comprador terá de conviver um bom tempo com a memória do assassinato brutal e, até hoje, carente de esclarecimentos sobre a morte de Eliza.
O goleiro Bruno e mais sete pessoas, incluindo Dayanne, vão a júri popular, ainda sem data marcada, acusados de matar. O atleta está preso na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem. Também estão detidos Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço-direito de Bruno; o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado pela polícia de ser o executor de Eliza; e Sérgio Rosa Sales, o Camelo, primo do jogador.
Além de Dayanne, respondem o processo em liberdade, por determinação da juíza, Fernanda Castro, ex-amante de Bruno; Elenílson Vítor da Silva, ex-administrador do sítio; e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo do atleta.