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“Ustra comandou todas as sessões de tortura”, diz Vannuchi

Ex-ministro está entre as cinco testemunhas ouvidas em uma audiência em São Paulo. Coronel é acusado pela morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino

Por Da Redação
28 jul 2011, 11h15

Nesta quarta-feira, uma audiência na 20ª Vara Cível do Fórum João Mendes, em São Paulo, registrou os depoimentos de cinco testemunhas arroladas pela família do jornalista Luiz Eduardo Merlino contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do Doi-Codi de São Paulo. Elas relataram os atos de tortura a que Merlino foi submetido 40 anos atrás, naquela unidade. O jornalista morreu em 1971.

Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos e uma das testemunhas, informou que também foi capturado por agentes naquele ano. Nos porões do Doi-Codi, disse ter encontrado Merlino agonizante. “Na porta da cela 3, um jovem foi trazido e colocado em uma escrivaninha para receber massagem de um enfermeiro que usava calça verde-oliva, tinha um nome boliviano e traços indígenas”, disse Vannuchi. “Essa massagem aconteceu na porta da minha cela. Eu perguntei ao rapaz o seu nome, ele respondeu com uma fala muito enfraquecida, eu não entendi, achei que era Merlin. Eu era estudante de Medicina, notei que a massagem era feita em uma das pernas com um quadro de cor escura, cianose, risco de gangrena”.

Ao relatar o contexto da morte de Merlino, Vannuchi desenhou um esboço da carceragem e entregou-o à juíza Cláudia de Lima Menge, que conduziu a audiência. Cláudia perguntou aos depoentes se chegaram a ser torturados ou se testemunharam agressões. Nesse momento, Vannuchi foi categórico: “Ustra comandou todas as sessões de tortura”, afirmou.

Coronel religioso ─ Se estivesse vivo, Merlino estaria com 63 anos. Integrante do Partido Operário Comunista (POC), foi preso em Santos, no litoral paulista, na noite de 15 de julho de 1971. Quatro dias depois, seu corpo foi levado para o Instituto Médico Legal. A versão oficial garante que o jornalista tentou fugir de uma escolta e foi atropelado na estrada.

A ação contra o coronel Carlos Alberto Ustra, de 78 anos, busca reparar a família por danos morais. O ex-comandante do Doi-Codi não compareceu à audiência. Será ouvido em Brasília, onde mora. “Ustra nega tudo, diz que jamais participou de tortura”, afirma o advogado criminalista Paulo Esteves, defensor do coronel. “Os antecedentes dele não são os de uma pessoa violenta. Ustra comandou o Doi-Codi, mas não comandou torturas. Nunca se envolveu em absolutamente nada que pudesse ferir a dignidade de seu semelhante. Violência é contra os princípios religiosos dele”.

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(Com Agência Estado)

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