O tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, procurou o doleiro Alberto Youssef dias antes da Operação Lava Jato ser deflagrada pela Polícia Federal. Youssef é investigado em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e está preso desde março. Já Vaccari é tesoureiro do partido desde 2010 e considerado um dos homens mais próximos ao ex-presidente Lula e articulador do ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira.
Vaccari procurou o doleiro na sede de uma das empresas usadas por Youssef, a GFD Investimentos, com sede em São Paulo. Segundo relatório elaborado pela Polícia Federal, Vaccari procurou Youssef no dia 11 de fevereiro. Ao não encontrar o doleiro, Vaccari deixou o prédio apenas quatro minutos depois.
Questionado sobre a relação que mantém com Youssef, o petista afirmou “não ter relacionamento”, mas não explicou o motivo que o levou a procurar Youssef. “Conheço o sr. Alberto Youssef, mas não tenho nenhum relacionamento com ele. Na data citada estive no local, mas fui informado de que ele não se encontrava”, disse Vaccari. A PF diz que irá apurar o motivo da visita.
Segundo a contadora Meire Poza, que trabalhava para o doleiro e prestava serviços também a GFD, “a empresa não tinha atividades comerciais de fato”. Meire revelou à PF detalhes do esquema comandado por Youssef, conforme revelou VEJA. Meire era responsável por manusear notas fiscais frias, assinar contratos de serviços que jamais foram feitos e montar empresas de fachada destinadas à lavagem de dinheiro. Nesse período, ela viu malas de dinheiro saindo da sede de grandes empreiteiras e chegando às mãos de notórios políticos. Nesta quarta-feira, Meire prestará depoimento ao Conselho de Ética da Câmara para falar sobre as denúncias de envolvimento de parlamentares com Youssef.
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Ela contou que foi para a GFD a convite de Enivaldo Quadrado, que se apresentava como diretor financeiro da empresa. Condenado no julgamento do mensalão por ter usado sua corretora para abastecer o esquema de compra de apoio parlamentar durante o primeiro governo Lula, Quadrado trabalhava na sede da GFD até a PF deflagrar a Lava Jato.
No relatório elaborado pela investigação da PF, Quadrado cita o nome de Vaccari em uma troca de e-mails datada de fevereiro de 2012. O tema do e-mail era o fundo de previdência da Petrobras, Petros.
A PF irá investigar se o tesoureiro do PT teria intermediado negócios entre o Petros e empresas de Youssef, como detalhou reportagem do jornal.