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Suvenires de crimes: um mercado em expansão nos EUA

Por Por Fabienne FAUR
4 jan 2012, 14h07

A calculadora do autor da matança no campus da Universidade Virginia Tech está à venda na internet, assim como mecha dos cabelos do guru assassino Charles Manson ou cartas de outros assassinos em série: os suvenires de um crime estão se transformando em mercado em expansão nos Estados Unidos, para grande prejuízo das vítimas.

Seis sites dividem entre si o setor para vender o que está sendo chamado de “murderabilia”, que vão desde o teor da peça acusatória a fotos de corpos, do cachimbo usado por um prisioneiro ao relatório da autópsia.

No supernaught.com, pode-se comprar por 3.700 dólares uma calculadora vendida “no eBay pelo assassino em série Cho Seung-hui para adquirir, em troca, armas e munições” utilizadas, diz a informação, por esse homem de 23 anos para matar 32 pessoas no campus da Universidade Virginia Tech (Virgínia, leste), em 2007.

Uma radiografia da medula espinhal de Charles Manson foi obtida por 8.500 dólares de uma pessoa que a conseguiu de um funcionário da penitenciária” onde um dos mais célebres criminosos do mundo cumpre condenação à prisão perpétua. É, entre outros crimes, autor, em 1969, junto com sua “família” de iluminados, do assassinato selvagem de Sharon Tate, mulher do cineasta Roman Polanski, aos 26 anos e grávida de oito meses e meio.

“Os artigos relacionados a Manson são sempre muito solicitados”, afirmou à AFP Eric Gein, proprietário do serialkillersink.net. “Ele é o grande malvado do século XX. Um colecionador digno de ser chamado assim deve possuir, pelo menos, um objeto dele”, disse o marchand que vende, também, cartas ou fotos assinadas do guru.

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O site de leilões murderauction.com é visto, também, uma história condensada do crime americano, destacando-se, entre suas peças, uma carta do mafioso Al Capone (com lance inicial de 8.000 dólares), fotos de bandidos do Far West (10 dólares) ou saquinhos da terra que sepultou as vítimas.

O “mercado está em plena expansão”, assegura Eric Gein que vendeu mais de 500 peças em três anos, graças, indiretamente, à publicidade feita pela imprensa americana sobre esses sites, disse ele.

Além disso, “as pessoas são um pouco mórbidas e sempre quiseram possuir objetos ligados a mortes”, acrescentou, citando os soldados romanos que pegaram fragmentos da cruz de Cristo ou os colecionadores de insígnias nazistas.

O próprio governo americano, em 2011, em benefício das vítimas, vendeu objetos pessoais de Theodore Kaczynski, o “Unabomber”, condenado à prisão perpétua em 1998 por ter assassinado três pessoas e ferido 29, com o envio de pacotes-bomba, lembrou ele.

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Para colecionar as peças, Gein “chegou a conhecer a maior parte dos assassinos em série pessoalmente. A maior parte de nossas peças vêm dos próprios prisioneiros”, disse.

Outras vêm das “boutiques ou museus das prisões, dos guardas que roubam dos detidos, mas, com frequência, doadas pelos próprios prisioneiros”, esclareceu William Harder, que administra o murderauction. Quanto aos clientes, “tudo o mundo é”, disse ele à AFP, citando advogados, policiais, operários, etc.

Para as famílias das vítimas, esse comércio causa náuseas. “Quem é o doente que quer ganhar dinheiro vendendo fotos do corpo de meu filhinho?”, exclamou Pam Hobbs, ouvido recentemente pela televisão WMC de Memphis, após a venda das fotos dos corpos de três meninos de oito anos assassinados, entre eles, seu filho.

Oito Estados, dos 50 americanos, proíbem esse tipo de venda. Campanhas foram lançadas para acabar com este “comércio abominável”, segundo o senador pelo Texas, John Cornyn, autor de uma proposta de lei no ano passado sobre o assunto.

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“Os Estados Unidos são um país de livre empresa”, insurge-se Harder. “Aqueles que se indignam, não devem olhar o site”, acrescentou Eric Gein.

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