No dia seguinte à prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, o principal assunto no Congresso foi a Operação Satiagraha da Polícia Federal. A sessão de quarta foi marcada por discursos relativos ao trabalho dos agentes na terça. Seis senadores foram à tribuna da Casa para criticar os possíveis exageros da PF. Apenas um elogiou o trabalho dos agentes. A discordância provocou um bate-boca no Senado.
Parlamentares de partidos como PT, PMDB, PSDB e DEM criticaram a “espetacularização” do trabalho da PF na Operação Satiagraha, lançada na véspera. Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) adotou discurso bem diferente. “O que a gente sente é a sociedade revoltada no sentido de que uma elite não é atingida nunca e que só o povão conhece a cadeia”, disse o peemedebista, que elogiou a “competência” da PF.
O discurso de Simon aconteceu depois dos pronunciamentos dos tucanos Arthur Vírgilio (AM) e Tasso Jereissati (CE), que disseram concordar com a posição do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), contrário à divulgação de imagens de Dantas, Nahas e Pitta com algemas. “Corremos o risco de sermos mal interpretados, de parecermos estar defendendo tubarões”, disse Tasso.
Virgílio chegou a subir à tribuna inesperadamente enquanto Pedro Simon discursava, mas foi contido pelos colegas e depois conversou com o peemedebista. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), também disse que a PF “está extrapolando no que toca ao uso de algemas”. Enquanto isso, na Câmara, parlamentares discutiam a convocação de Dantas e Nahas para depoimento à CPI dos Grampos.
Elogios – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou a Operação Satiagraha, telefonando para o ministro da Justiça, Tarso Genro, para elogiar a ação. De acordo com reportagem publicada na edição desta quinta-feira do jornal Folha de S. Paulo, o presidente avaliou que a operação ajuda no argumento de que seu governo combate a corrupção. O ministro da Justiça repassou os elogios à direção da Polícia Federal.