Sarney diz que impeachment de Collor foi “acidente” ao inaugurar painel que omite caso
Galeria Túnel do Tempo também ignora cassação de Luiz Estevão; e traz foto de presidente do Senado
“Eu não posso censurar os historiadores encarregados de fazer a história, talvez esse episódio seja apenas um acidente”
Reinaugurado com pompa pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o “túnel do tempo” da Casa – como é chamado o corredor que liga o plenário a gabinetes de senadores – traz agora uma decoração que “reescreve” a história da Congresso, omitindo fatos.
Os painéis com os principais momentos da instituição, dos primeiros anos da independência do Brasil até o ano passado, não fazem referência, por exemplo, ao impeachment, em 1992, do então presidente da República e hoje senador Fernando Collor, e nem tampouco à cassação do ex-senador Luiz Estevão (DF), em 2001. As CPIs que marcaram a atuação da Casa também ficaram de fora.
Para Sarney, o impeachment de seu antigo desafeto e hoje aliado, Fernando Collor, “não é marcante”. “Olha, eu não posso censurar os historiadores encarregados de fazer a história, talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter acontecido na história do Brasil”, alegou.
“Mas não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados, que foram os que construíram a história, e não os que de certo modo não deviam ter acontecido. O que vale é que nós temos uma Constituição, sempre nos organizamos em torno da lei”, declarou.
O próprio Sarney é homenageado com a publicação de foto em que ele aparece jurando a Constituição, no lugar do presidente Tancredo Neves, eleitos pelo colégio eleitoral. Foi destacado ainda um projeto de Sarney de 1996 que assegura tratamento gratuito aos portadores de aids. Foi omitido, porém, o avanço da proposta do então senador Nelson Carneiro (do Rio de Janeiro, falecido em 1996) que, em 1977, instituiu o divórcio no País.
(Com Agência Estado)