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Santa Catarina teve 28 prefeitos presos — e alguns ainda vão tentar reeleição

Desde 2020, a Polícia Civil , o Ministério Público e a Justiça realizam operações de combate à corrupção no Estado

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 set 2024, 11h15 - Publicado em 28 set 2024, 13h15

Santa Catarina vem batendo um triste recorde nacional. É a unidade da federação que registrou mais casos de prefeitos presos por corrupção. Nos últimos quatro anos, 28 foram detidos por desvios de recursos públicos. O estado tem 295 municípios e as prisões representam 9,4% dos gestores.

A corrupção e os malfeitos são suprapartidários. Envolve prefeitos do PSDB, PL, MDB, PT, PP, Podemos, PSD, Republicanos, Patriota, PSL e PSD. As principais fraudes envolvem pagamento de propina, contratos superfaturados de asfaltamento, coleta de lixo, transporte escolar e até serviços funerários.

A série de operações policiais começou em agosto de 2020, com a prisão de Orildo Severgnini, prefeito do município de Major Vieira. Ele é o único dos presos apanhados ainda na legislatura passada, mas foi através dele que o Ministério Público de Santa Catarina e a Polícia Civil  começaram a rastrear os demais.

Orildo presidia a Federação Catarinense de Municípios (Fecam). Em  2020, a polícia encontrou mais de 320 mil reais em espécie na casa do prefeito — a ponta do iceberg de um esquema de fraudes em licitações de obras públicas, desvio de verbas e lavagem de dinheiro.

A partir de uma varredura em dezenas de contratos públicos, a maioria na área de coleta de lixo, o MP e a Polícia Civil flagraram outros 27 prefeitos. Na primeira fase da operação, foram bloqueados 282 milhões de reais. O último prefeito a entrar na lista foi o de Criciúma, Clésio Salvaro, do PSD, também preso.

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Os  inquéritos tramitam em sigilo. “Foi uma surpresa desagradável, mas faz parte, não dá para dizer que houve exagero nem arbitrariedade, foi um trabalho lamentavelmente necessário”, diz o senador Esperidião Amin (PP-SC), que teve seis correligionários presos.

Orildo Severgnini foi condenado a mais de 100 anos de prisão em 2022. A Justiça também condenou o prefeito de Itapoá, Marlon Neuber (PL), a 18 anos de cadeia por organização criminosa e corrupção ativa. No último dia 3, foi a vez do prefeito de Pescaria Brava, Deyvisonn Souza (MDB), que recebeu uma pena de 60 anos de prisão por organização criminosa e corrupção.

As condenações não intimidaram alguns. Pelo menos quatro prefeitos que passaram um período na prisão em Santa Catarina tentarão a reeleição em outubro — caso do prefeito de Cocal do Sul, Fernando de Fáveri (MDB), de Ipira, Marcelo Baldissera (PL), de Imaruí, Patrick Corrêa (Republicanos) e de Ponte Alta do Norte, Ari Wollinger (PL). Procurados, eles não se pronunciaram.

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