Russomanno associa religião à redução da criminalidade
Relação do candidato com igrejas evangélicas foi tema de acalorada discussão durante sabatina promovida por jornal nesta quarta-feira em São Paulo
A relação do candidato Celso Russomanno (PRB) com igrejas evangélicas, entre elas a Universal do Reino de Deus, ao qual seu partido está ligado, pautou a sabatina com o candidato, realizada na manhã desta quarta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo. Russomanno chegou a afirmar que, se houvesse uma igreja em cada quarteirão, haveria menos crime na cidade. Leia também: Celso Russomanno a VEJA: “Eu dou audiência” Russomanno lidera intenções de voto em SP, diz Datafolha “Quando a pessoa não mata e não rouba, não é pela proibição da lei. É porque ela tem uma linha religiosa. E eu quero manter isso”, afirmou. Quando uma jornalista retrucou se só mata e rouba quem não tem religião, o candidato amenizou: “Não disse isso, mas ajuda”. Sobre o peso que as igrejas evangélicas terão em sua gestão, caso seja eleito, o candidato decidiu dar uma “aula sobre o PRB”. Em tom professoral, disse aos jornalistas que o fundador do partido foi o ex-presidente José de Alencar, que era católico. Quando questionado se multaria as igrejas por barulho ou facilitaria a emissão de alvarás para os templos, Russomanno afirmou que “o dever do poder público é educar”. “Darei prazo para que elas se regularizem. É uma questão de acústica”, afirmou o candidato. A pergunta sobre qual nota daria para a gestão do atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) ficou sem resposta. Entretanto, o candidato afirmou que não há nenhum pacto de não-agressão firmado entre os partidos para poupar Kassab de críticas. “A população é quem tem que dar nota para a gestão Kassab”, desconversou. Objetividade – Logo no início do debate, o candidato se irritou quando os jornalistas pediram que ele fosse “mais objetivo” nas respostas e disseram que Russomanno era generalista em suas propostas. “Não posso falar de problemas tão sérios da cidade em poucos segundos”, argumentou Russomanno. “O senhor aprendeu com seu padrinho Paulo Maluf a não responder as perguntas”, provocou a colunista Barbara Gancia. “Nunca foi, nem nunca será meu padrinho”, disse Russomanno. Ele foi filiado ao PP no início de sua carreira política. A plateia protagonizou um dos momentos mais constrangedores do debate, quando foi citada uma reportagem na qual Russomanno era chamado de “jabazeiro” por receber dinheiro para falar de marcas em seu programa. “Aquilo era merchandising, que é legal. É o mesmo que vocês estão fazendo aqui”, disse, apontando para as marcas do jornal e do site que promoviam a sabatina no painel ao fundo do cenário. Diante da argumentação dos entrevistadores de que eram duas coisas distintas, pessoas da plateia começaram a gritar com os entrevistadores, chamando a sabatina de “massacre”. No palco, o candidato se queixou diversas vezes de que estava ali para falar sobre propostas de sua campanha e que não estavam sendo feitas perguntas a respeito. A cada reclamação do tipo, Russomanno era acompanhado pela plateia, que não parava de falar. Ao final da sabatina, tanto o candidato quanto integrantes da plateia negaram que os mais exaltados fossem membros de sua equipe. “É uma reação normal do público. Eles que vão julgar se eu vim aqui falar de São Paulo ou da minha vida pessoal”, disse Russomanno em sua última fala. Entretanto, durante a sabatina, os entrevistados recordaram que desde o início da carreira política o candidato não faz muita separação da vida pública e privada. Eles citaram como exemplo uma agenda de campanha recente de Russomanno, na qual incluía o exame de ultrassom de sua esposa grávida. “Eu não convidei ninguém para ir. A impressa cobriu porque quis. A minha agenda informa cada passo meu”, respondeu. O candidato afirmou que é “normal” o primeiro colocado nas pesquisas ser “atacado”, referindo-se às perguntas feitas na sabatina. Russomanno apareceu pela primeira vez liderando a pesquisa Datafolha de intenção de votos, publicada na terça-feira. O candidato do PRB aparece com 31%, empatado tecnicamente com o tucano José Serra.