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Rio de Janeiro tem de volta a Praça Tiradentes

Reforma do espaço carioca que mistura história, cultura e boemia levou um ano e custou 3,5 milhões de reais

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 ago 2011, 11h23
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  • No grande programa de reformas que está mudando a cara do Centro do Rio de Janeiro, chegou a vez da Praça Tiradentes, que passou por obras que duraram um ano e mereceram investimento de 3,5 milhões de reais financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID. Foi uma faxina completa, que vai devolver à cidade, neste sábado, um espaço que combina valor histórico, cultural e boêmio. No centro da praça, está a estátua pública mais antiga do Rio de Janeiro. Inaugurada por dom Pedro II em 1862, ela homenageia dom Pedro I como símbolo da força do Império. Sobre um cavalo, e cercado de alegorias indígenas, o imperador tem nas mãos o “Manifesto às Nações Amigas”, que anunciou ao mundo a independência do Brasil. No entorno do quadrilátero, estão dois dos mais importantes teatros do Rio – o Carlos Gomes, de 1905, e o João Caetano, que ocupa o terreno que abrigou o Real Teatro de São João e o Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, ambos destruídos por incêndios. E também a lendária Estudantina, a mais famosa gafieira carioca. Um conjunto precioso que ficou relegado ao abandono nas últimas décadas. A última intervenção pública na praça foi cercá-la – o que expulsou dali os pedestres e transformou aquele espaço num lugar ermo e perigoso.

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    Agora, livre de grades, bem iluminada e com o calçamento de pedras portuguesas totalmente recuperado, a praça que foi batizada de Tiradentes já no período republicano pode voltar a ser ocupada, retomando sua tradição de local de convivência. No período colonial, abrigava feiras. No império, tornou-se um centro cívico, símbolo do poder da nação brasileira. Ali havia apresentação de bandas, e a população se reunia em frente ao Imperial Teatro São Pedro de Alcântara – na área onde fica hoje o João Caetano – para acompanhar as aparições públicas e os discursos do imperador. “Será uma boa oportunidade para admirar as diferentes camadas da história. Ali é um dos lugares onde os diversos tempos da cidade convivem mais intensamente”, diz o historiador Paulo Knauss, da Universidade Federal Fluminense (UFF). “Trabalhamos para que ela possa, de fato, assumir integralmente a sua vocação histórica e cultural”, explica o secretário de Patrimônio da prefeitura do Rio, Washington Fajardo.

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    A Praça Tiradentes resistiu bravamente ao abandono, conseguindo manter locais de referência como a Estudantina, fundada em 1928 e reaberta ali há 33 anos. Nela, foram gravadas cenas de novelas como O Clone, Barriga de Aluguel e Caminho das Índias. Todas escritas por Glória Perez, frequentadora assídua e também madrinha da casa. Foi a Estudantina um dos locais responsáveis por manter a Praça Tiradentes ativa. Com a revitalização, até o final do ano a gafieira colocará mesas na calçada para atender o público de seu restaurante. “Há 33 anos era um burburinho essa praça. Havia muitas casas noturnas. Depois, só ficou a Estudantina”, conta o dono do local, o espanhol Isidoro Fernández.

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    Perto dali estão a casa de Bidu Sayão, uma das mais importantes cantoras líricas do país, o Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, e o Solar de Visconde do Rio Seco, da época de D. João VI – que está a merecer uma boa reforma. E também dois prédios que abrigam acervos valiosos de natureza e períodos distintos – o Centro Cultural Hélio Oiticica, e o Real Gabinete Português de Leitura, uma joia arquitetônica de inspiração manuelina, onde está uma rara biblioteca. É essa mistura de presente e passado que torna a Praça Tiradentes ainda mais charmosa.

    O desafio de agora é fazer com que os pedestres, normalmente apressados pelo centro, usem o espaço. “No tempo em que era um centro cívico, bandas se apresentavam, pessoas se reuniam para ouvir os discursos do imperador. Agora, precisamos ocupar a praça, não basta abrir os portões. É necessário que haja motivos para as pessoas voltarem a se reunir ali”, alerta Paulo Knauss.

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