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Revolta na França por divulgação do diálogo entre policiais e autor de ataques

Por Por Etienne FONTAINE e Edouard de MARESCHAL
9 jul 2012, 15h36

A divulgação por parte uma rede de televisão francesa de trechos das conversas entre o jihadista, autor de atentados, Mohamed Merah e a polícia que o cercava suscitou nesta segunda-feira a indignação das famílias das vítimas, enquanto o canal se justificava referindo-se ao seu papel informativo.

O grupo TF1 exibiu no domingo à noite os trechos onde é possível ouvir o franco-argelino de 23 anos explicar seus crimes de forma tranquila. Ele matou entre os dias 11 e 19 de março, em Toulouse e Montauban (sudoeste), três militares de origem magrebina e quatro judeus, incluindo três crianças.

“Compreendemos perfeitamente o choque e a violência para as famílias das vítimas que é escutar a voz deste que assassinou um de seus parentes”, explicou a diretora de informação do grupo TF1, Catherine Nayl. “Mas nós fizemos isso conscientes de seu valor informativo”, prosseguiu.

Estes trechos, datados de 21 e 22 de março, contêm “informações muito importantes sobre a maneira como os homens do Raid (polícia de elite) negociaram” durante o cerco ao apartamento em Toulouse, que durou 32 horas, justificou.

“Acredito que este documento prova que até o fim (…), os negociadores tentaram parar Mohamed Merah, e pará-lo ainda vivo”, antes de ele ser finalmente morto no dia 22 de março no momento da invasão ao apartamento, afirmou. “Também compreendemos neste documento que Mohamed Merah, com um sangue-frio e uma determinação absoluta (…), construiu um personagem”, acrescentou.

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Nestas gravações, Merah afirma estar pronto para continuar em sua loucura mortal, assegura ter ligações com a Al-Qaeda e com o crime organizado, fala sobre suas viagens ao Afeganistão e ao Paquistão, e explica como enganou a vigilância dos serviços de inteligência que o monitorava.

A um funcionário da Direção Central de Inteligência Interna (DCRI), com quem se reuniu após uma de suas viagens ao Paquistão, ele disse: “Quando você me ligou, quando eu estava no seu escritório, eu estava em contato com eles (membros da Al-Qaeda), eu os encontrei (…) Acho que foi um dos maiores erros de sua carreira”.

Merah explica ainda como, errando um alvo, um outro militar, ele atacou a escola judaica Ozar Hatorah, onde assassinou friamente três crianças e seu professor: “Eu errei um alvo (…) e a partir daí peguei a moto e fui embora. Não foi premeditado, no fim das contas sim, eu tinha a intenção de fazer isso, mas naquela manhã não era esse o meu objetivo”.

O jornal Le Monde publicará na terça-feira uma transcrição das gravações.

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Este caso provocou uma grande comoção na França e colocou em questão a contra-espionagem francesa, criticada por não levar a sério um jovem que passou por Afeganistão e Paquistão.

“Escandalizados”, as pessoas próximas das vítimas de Mohamed Merah informaram por meio de seus advogados que acionarão a justiça para impedir a publicação destes registros.

“As vítimas ficaram escandalizadas quando tomaram conhecimento do conteúdo dessas negociações pela televisão. Neste ritmo, vão ser os vídeos dos massacres que vão circular na rede, e aí o problema será irremediável”, declarou Samia Maktouf. Merah filmou seus crimes com uma câmera portátil e seus vídeos foram apreendidos pela justiça.

“Ouvir esse assassino arrogante é insuportável para as famílias”, reagiu o presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas na França (CRIF), Richard Prasquier. O ministro do Interior, Manuel Valls lamentou domingo à noite que “nenhuma precaução tenha sido tomada para respeitar as famílias das vítimas”.

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A justiça decidiu abrir uma investigação preliminar por violação do sigilo das investigações. E o organismo da própria Polícia encarregado de examinar as ações dos policiais será responsável pela condução de um inquérito administrativo e uma investigação criminal.

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