Queda do avião do voo 447 durou 3 minutos e 30 segundos
Escritório que apura as causas do acidente começou a divulgar relatório parcial
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![Robô submarino encontra módulo de memória da caixa preta do voo AF 447, da Air France, que caiu no oceano Atlântico em 2009 Robô submarino encontra módulo de memória da caixa preta do voo AF 447, da Air France, que caiu no oceano Atlântico em 2009](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/05/caixa-preta-voo-af-447-20110501-01-original.jpeg?quality=90&strip=info&w=928&w=636)
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Documento confirma que o piloto não estava na cabine quando começaram os problemas
A queda do Airbus A330 do voo 447 da Air France, que ia do Rio a Paris no dia 1º de junho de 2009, durou exatos 3 minutos e 30 segundos até o impacto no Oceano Atlântico. A informação foi divulgada nesta sexta-feira pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da Aviação Civil da França, que apura as causas do acidente que matou 228 pessoas.
Segundo o relatório parcial, antes que a aeronave caísse, os pilotos observaram duas velocidades diferentes no painel de controle, por menos de um minuto, e uma delas indicava queda brutal de potência. O piloto automático foi então desligado e um alarme soou. Nesse momento, o comandante não estava na cabine, apenas os dois co-pilotos, que iniciaram tentativas de retomar o controle da aeronave. “Vamos lá, você tem os comandos”, disse um deles.
Cronologia: Os momentos que antecederam a queda do Airbus A 330
Exatamente à 1h55, o comandante passa o controle da aeronavave ao segundo co-piloto. “Assuma o meu lugar”, disse, conforme o relatório. Até as 2h01, ele acompanha o briefing entre os dois co-pilotos e a aeronave passa por uma turbulência. “Devemos encontrar outras mais à frente. Estamos na camada, infelizmente não podemos subir muito mais agora porque a temperatura está diminuindo menos rapidamente do que o esperado”, falou o piloto, pouco antes de deixar a cabine.
Pouco depois das 2h08, o nível de turbulências aumenta. Dois minutos depois, o piloto automático é desativado e o piloto volta para a cabine. “No momento do evento, os dois co-pilotos estavam na cabine e o comandante de bordo em repouso. Esse último voltou para a cabine cerca de 1 minuto e 30 segundos após a retirada do piloto automático”, diz o relatório (confira o documento completo). Os pilotos tiveram dificuldades com os controles por mais de quatro minutos antes da queda da aeronave.
Além dessa confirmação, outros fatos novos foram estabelecidos pelo BEA:
– A composição da tripulação, de um comandante e dois copilotos, estava em conformidade com os procedimentos do governo francês. Segundo as normas da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, sigla em inglês), é obrigatória a presença de quatro tripulantes (dois comandantes e dois copilotos) nas rotas entre Europa e América do Sul. O Brasil assinou o acordo, mas a França não, por isso a presença de três tripulantes em vez de quatro.
– No momento do acidente, a massa e o centro de gravidade estavam dentro dos limites operacionais. Isso quer dizer que o avião estava em plenas condições de operação: não havia má distribuição de peso e ele voava na altitude permitida
– Houve uma inconsistência, que durou menos de um minuto, entre a velocidade indicada no lado esquerdo – há indicadores de velocidade espalhados pelo avião – e a indicada no ISIS, um instrumento que fornece a velocidade e altitude da aeronave.
– Após o desligamento do piloto automático, a aeronave subiu para 11.500 metros
– O alarme de perda soou, indicando que o avião perdeu sustentação e começou a cair
– As ordens do piloto foram principalmente de elevar o nariz
– A descida durou 3 minutos e 30 segundos, durante os quais a aeronave permaneceu sem sustentação
– Os motores estavam em funcionamento e sempre responderam aos comandos da tripulação
– Os últimos valores registrados indicam uma queda a 200 quilômetros por hora com velocidade de solo de 198 quilômetros por hora e 16,2 graus de elevação do nariz, mostrando que a cauda do avião foi a primeira parte a bater no mar. Além disso, o avião caiu virado para o Brasil. No total, a queda durou três minutos e 30 segundos
Veja abaixo o momento em que o A330 entrou no meio de uma nuvem cumulonimbus a 11.500 metros de altitude, sob uma temperatura de -42 graus Celsius:
O destino do voo 447 da Air France
O momento em que outros voos desviaram da nuvem cumulonimbus e só o 447 segue na rota original:
Fonte: BEA/Météo-France
Especulações – Desde que as caixas-pretas do voo 447 foram recuperadas, a imprensa do mundo todo deu início a uma série de especulações, ora apontando falha humana, ora problemas mecânicos. E para evitar que mais versões não-oficiais se espalhassem é que o BEA tomou a decisão de divulgar o documento oficial. Contudo, o Escritório reforça que se trata apenas de “fatos” e não de análises sobre o que teria acontecido -daí o relatório ser apenas parcial.
As primeiras análises devem ser apresentadas em um próximo relatório com divulgação prevista para julho. “Só depois de um trabalho longo e minucioso de investigação é que as causas do acidente serão determinadas e as recomendações de segurança serão emitidas, o que é a principal missão do BEA. Elas constarão do relatório final”, informa o órgão.