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Quando a rua se torna o único refúgio

Depois de anos de queda da pobreza, a crise econômica e as falhas na rede de proteção social trazem de volta o flagelo da miséria e da fome

Por Giovanni Magliano Atualizado em 2 dez 2017, 06h00 - Publicado em 2 dez 2017, 06h00

Há 28 anos um grupo de pessoas se reúne semanalmente na sede da organização não governamental Anjos da Noite, em um sobrado no bairro de Artur Alvim, na Zona Leste de São Paulo. Os voluntários dedicam-se a aplacar as carências dos moradores de rua. Além de entregar cobertores e roupas, o grupo tem como principal incumbência a distribuição de refeições. Aos sábados, os colaboradores se organizam para preparar 200 quilos de comida. A distribuição de 800 marmitas tem início ao cair da noite. Anteriormente, os voluntários rodavam quatro horas pelas ruas da região central até entregar a última quentinha. Hoje, o trabalho é feito em menos de uma hora. Basta estacionar o carro e um grupo de pessoas carentes faz fila para ganhar o alimento.

A experiência dos Anjos da Noite confirma a percepção que tem qualquer cidadão dos maiores centros urbanos brasileiros: o número de pessoas que vivem nas ruas elevou-se, e muito, nos últimos anos. As estatísticas são esporádicas e por isso não é fácil saber com exatidão a proporção desse crescimento. O último recenseamento, realizado em São Paulo, em 2015, mostrou um total de 16 000 desabrigados, praticamente o dobro do registrado em 2000. De lá para cá, certamente esse número aumentou.

No Rio de Janeiro, cidade na qual a crise foi agravada pela dramática situação financeira do estado, a prefeitura estima que o número de moradores de rua tenha aumentado 150% nos últimos três anos, totalizando 14 200 pessoas. “Muita gente veio para aproveitar o boom econômico do Rio e perdeu tudo com a crise”, diz o secretário de Assistência Social, Pedro Fernandes. Nos últimos quatro anos, a área ocupada por favelas ganhou 140 000 metros quadrados na cidade, o equivalente a vinte Maracanãs. Obtido com exclusividade por VEJA, um levantamento do Instituto Pereira Passos traça um perfil dos mais carentes: 95% das pessoas em situação de vulnerabilidade econômica no Rio dizem não saber se aguentam até o fim do mês com comida na geladeira, 30% não possuem CPF, 25% têm filhos fora da escola e 20% vivem sem chuveiro nem vaso sanitário. O aumento no número de desamparados foi igualmente registrado em outras capitais. Em Belo Horizonte, havia menos de 2 000 moradores de rua em 2014; agora, eles passam de 6 000. O último Censo feito em Porto Alegre, de 2016, revelou a existência de 2 100 pessoas nessa situação, alta de 60% em cinco anos. No Brasil, um estudo do Ipea estimou em mais de 100 000 as pessoas sem teto em 2015.

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