Horas depois de o prefeito do Recife, João da Costa (PT), reafirmar em entrevista coletiva sua pré-candidatura à reeleição, nesta quinta-feira, a Executiva Nacional do PT convocou reunião extraordinária, em São Paulo, para a próxima terça para escolher o candidato do partido à prefeitura de Recife. A direção espera anunciar o nome do senador Humberto Costa.
A cúpula do PT recorrerá à resolução aprovada há duas semanas para intervir na capital de Pernambuco e indicar o nome do senador. De acordo com a medida, a escolha dos candidatos à prefeitura das cidades – onde o partido não chegar a um consenso – com mais de 200 000 eleitores, que tenham emissoras de rádio e televisão locais ou que sejam polos econômicos terá de ser homologada pela direção nacional do partido.
“Não vejo argumento, circunstâncias nem razões suficientes para não manter a candidatura”, afirmou João da Costa, ao defender o seu nome como a melhor alternativa do partido para vencer as eleições de 2012.
Na semana passada, a direção petista anulou as prévias realizadas no último dia 20, na capital pernambucana, entre o prefeito João da Costa e o secretário estadual de governo, Maurício Rands. As prévias foram marcadas por um clima acirrado e por uma batalha jurídica sobre quem tinha direito a voto. O comando da legenda também aprovou proposta de realizar novas prévias no dia 3 de junho.
Até então, a ala majoritária do PT, ligada ao ex-presidente Lula, trabalhava para que Rands – o preferido do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, e de Lula – fosse candidato. Mas, diante do impasse, apesar de ter marcado nova data para as prévias, a cúpula petista pretendia chegar a um nome de consenso para anular o processo. O indicado capaz de unir o partido no estado é o de Humberto Costa.
Rands, seguindo a orientação do partido, anunciou a desistência de se candidatar e declarou apoio declarou apoio ao senador. A expectativa do PT era que o prefeito também abrisse mão de sua candidatura. João da Costa chegou a dar sinais de que cederia às pressões, mas seu grupo não admitiu a desistência. Nesta tarde, ao lado dos aliados, ele lembrou ter vencido as prévias realizadas no dia 20 e anuladas pela direção nacional e afirmou estar preparado para vencer novamente.
“O clima continua tenso, mas há muita expectativa em relação à decisão da Executiva Nacional, a quem cabe homologar ou não a candidatura de João da Costa”, afirmou o presidente do diretório estadual do PT, deputado federal Pedro Eugênio ao site de VEJA. “Vou continuar fazendo um esforço para tentar o impossível, para ter um acordo com João da Costa para que não a decisão não seja da Executiva. Continuo trabalhando na superação dessa dificuldade”, disse.
Alianças – A decisão em Recife é prioridade para o PT porque respingará na eleição em São Paulo, onde o partido trabalha para conquistar o apoio do PSB em torno da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad. Eduardo Campos avisou ao partido que esperaria a definição na capital pernambucana para selar o acordo PT-PSB.
A resolução tem como principal objetivo impulsionar a candidatura de Haddad em São Paulo e desfazer os nós que seguram as negociações com PSB, com o PCdoB e com o PR. A lógica é simples: se o PT quer o apoio em São Paulo, terá de ceder em outras cidades.
O governador pernambucano deve desembarcar em solo paulista no início da próxima semana para um encontro com Lula. Antes da conversa com o ex-presidente, porém, Campos receberá a proposta aprovada, nesta quarta-feira, pelo diretório municipal do PSB em São Paulo, de lançar candidatura própria para a disputa pela sucessão do prefeito Gilberto Kassab.
Na semana passada, a Executiva Nacional do PT decidiu que o partido vai apoiar os pré-candidatos do PSB a prefeitura de Mossoró (RN) e Duque Caxias (RJ). O PT indicará vice na chapa encabeçada pelos socialistas.
Ao lado de Recife, as duas cidades foram colocada como condição para que o partido negociasse seu apoio ao pré-candidato a Haddad.