No dia em que reapareceu para negar as denúncias de cobrança de “cotas” de funcionários de seu gabinete e de desvio de recursos de um sindicato para fazer caixa 2 de campanha, a deputada estadual Janira Rocha, do PSOL do Rio, enfrentou mais um revés. A direção estadual do partido, eleita no último dia 2, decidiu afastar Janira dos quadros do partido por 30 dias e iniciar um processo de expulsão, a ser conduzido pela comissão nacional de ética da agremiação.
Em um comunicado no fim desta tarde, a direção estadual informou que reconheceu o trabalho de Janira. “Reconhecemos que, nesses mais de três anos na Alerj, a deputada Janira Rocha colaborou para o avanço das lutas dos setores mais desprivilegiados da população. A luta por direitos dos bombeiros, policiais e dos operários do Comperj são alguns exemplos dessas iniciativas que muito orgulharam o partido. Contudo, nos é forçoso reconhecer que desenvolveu-se no âmbito do grupo político de Janira Rocha, notadamente na relação com o movimento sindical e as práticas partidárias, um processo de degeneração das práticas políticas que tornou a ação desse mandato incompatível com os ideais éticos e políticos do PSOL”.
A nota concluiu que as denúncias contra Janira referem-se a “fatos graves que são inadmissíveis num partido de esquerda”. “Não podemos adotar as práticas dos nossos adversários que sempre repudiamos, mesmo que elas sejam infelizmente comuns em outras forças políticas. O PSOL não veio à política brasileira para ser mais do mesmo”, diz o texto.
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A deputada, que enfrenta processo administrativo, prestou depoimento de cerca de três horas na manhã desta terça-feira, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “A cotização, como é entendida aí fora, que é um crime com uso do dinheiro público e coação para doações, não existia. O que existia era uma colaboração voluntária de militantes no MTL, que é uma corrente do PSOL, para a manutenção do partido”, disse Janira, após o depoimento na Corregedoria da Alerj.
As denúncias de irregularidades contra a deputada surgiram depois que dois ex-assessores foram presos tentando vender um dossiê com informações contra Janira, que na época era presidente do diretório estadual do PSOL. Antes de tentar negociar o material com a também deputada Cidinha Campos (PDT), que chamou a polícia para prender os dois homens, os ex-assessores teriam chantageado Janira.
“Fui até aconselhada por pessoas do partido a me curvar para pagar 20 mil reais para que o dossiê não fosse liberado para evitar escândalos. Mas não aceitei porque tenho confiança de que não estou envolvida em maracutaia”, disse Janira.
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