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Polícia prende gerente da ‘máfia das vans’ da Ilha do Governador

Batoré administrava transporte alternativo extorquindo motoristas; lucro para o tráfico do Morro do Dendê foi de mais de 27 milhões nos últimos três anos

Por Leslie Leitão
19 abr 2017, 18h35

No final de 2003, quando assumiu o controle do tráfico de drogas do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro, Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, deu início a um novo modelo de gestão dessas bocas de fumo. Jamais um criminoso ficou tanto tempo foragido – lá se vão mais de 13 anos. Nesse período, ao lado de Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, ele se transformou numa espécie de “prefeito” do bairro. Dominou os morros e o asfalto, sempre contando com a ajuda de agentes corruptos ou omissos.

Na manhã de hoje, a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (SSinte), com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e da Polícia Civil, desencadeou uma grande operação com um objetivo: bater numa das principais fontes de renda da quadrilha, o transporte alternativo. Entre os 15 presos na ação está toda a cúpula da chamada “máfia das vans” da Ilha, inclusive o seu principal líder e braço-armado, o ex-policial militar Antônio Eugênio de Souza Freitas, o Batoré.

De acordo com as investigações, o grupo arrecadou, extorquindo motoristas de Kombi e vans (entre 300 e 350 reais semanais, por veículo), mais de 27 milhões de reais nos últimos três anos. Os valores mensais de lucro variavam entre 700 e 800 mil reais. De acordo com o delegado Fábio Galvão, quem se recusava a pagar o “pedágio” sofria retaliação: “Às vezes, eles sequestravam o veículo, levavam para o alto do morro e só liberavam quando o motorista pagasse o que devia. Outras vezes ateavam fogo ao carro”, diz. Um dos casos comprovados pela Ssinte aconteceu em 18 de agosto de 2014, quando uma Kombi de um motorista que se recusava a pagar a taxa foi incendiada em frente ao shopping Ilha Plaza.

Batoré havia sido preso pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) em 2004, em Bonsucesso, e acabou expulso da PM no ano seguinte. No flagrante, ele se preparava para entregar armas que seriam vendidas ao seu grande parceiro, Fernandinho Guarabu. Hoje, sua casa luxuosa em um bairro do subúrbio, foi cercada pelos agentes, que o encontraram. Ele foi preso junto com três irmãos, a sogra e a mulher, Fabiana Rufino, que até 2015 era oficialmente a responsável pela Cooperativa Shalon Fiel, que tinha mais de 500 motoristas cadastrados. Hoje, a família do ex-PM chegava a lucrar mais de 50 000 reais só com a administração do transporte alternativo. A prestação de contas acontecia sempre no alto do morro, direto com Guarabu.

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Antonio Eugênio de Souza Freitas, o Batoré,  (Reprodução/Reprodução)

A prisão de Batoré também pode causar desdobramentos em outras investigações que correm na Polícia Civil. O ex-PM é investigado em pelo menos dois inquéritos instaurados na Delegacia de Homicídios (DH): a morte do policial militar Geraldo Antônio Pereira, dentro de uma academia no Recreio dos Bandeirantes, em maio de 2016, e a morte de José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal, genro do ex-bicheiro Maninho, em setembro de 2011, dentro de um terreiro de macumba.

VEJA vem revelando há anos os tentáculos da quadrilha de Fernandinho Guarabu e seu parceiro Gil. Nesse período, tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar pouco fizeram para combater, efetivamente, o bando. Uma reportagem de 2013 mostrava como os traficantes agiam bem ao lado do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão. Em outubro de 2014, a Operação Ave de Rapina, desencadeada também pela Secretaria de Segurança, tentou desbaratar o esquema de propinas que ajudava a manter a dupla em liberdade: 14 PMs do batalhão da área foram presos.

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