Polícia afirma que traficante matou primo do goleiro Bruno por ciúmes
Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais concluiu que Sérgio Rosa Sales, testemunha-chave da morte de Eliza Samudio, foi assassinado por ter "mexido com a mulher errada"
A Polícia Civil de Minas Gerais informou, na tarde desta terça-feira, ter elucidado a morte do jovem Sérgio Rosa Sales, o primo do goleiro Bruno Fernandes assassinado há duas semanas em Belo Horizonte. Sales era testemunha importante no processo sobre a morte de Eliza Samudio. A ação, no bairro Minaslândia, teve muitas características de crime cometido por policiais. Mas a Corregedoria da Polícia Civil mineira chegou a uma conclusão que é, no mínimo, surpreendente: quem matou Sérgio foi um traficante, por ciúmes da mulher, que um dia antes do crime foi assediada pelo rapaz. Ou, trocando em miúdos, Sales morreu porque “mexeu com a mulher errada”.
Soa estranho, e não há como ser diferente. A juíza Marixa Fabianne Lopes Rodrigues, que atuou no caso Bruno, afirmou que Sérgio Rosa Sales era um “arquivo vivo”, por ter dado um dos depoimentos mais importantes para incriminar os algozes de Eliza Samudio. A partir da conclusão da Corregedoria da Polícia de Minas – que investiga crimes com suspeita de participação de policiais – a morte do primo de Bruno entra para a história como “crime passional”.
Em uma coletiva na tarde desta terça-feira, três delegados apresentaram o resultado parcial do inquérito: Luiz Carlos Ferreira, Renato Patrício Teixeira (corregedor-geral de Polícia Civil) e Alexandre Campbell (subcorregedor, que comandou as investigações).
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Os três afirmaram que não há mais dúvidas sobre a mecânica e a autoria do crime. Em resumo, na véspera do crime Sérgio Rosa Sales, de 24 anos, assediou Denilza Cesário da Silva, 30 anos. Ela passava pela rua do rapaz e ele a teria chamado de “gostosa”, tentado agarrar a mulher e mostrado o pênis, em plena rua. Denilza é casada e tem quatro filhos, mas teria também um amante. E foi com o amante que se queixou: Alexandre Ângelo de Oliveira, de 28 anos, que já esteve preso por trafico, tomou as dores da amada, e foi com ela na manhã seguinte, para ver se Sales repetiria o abuso. Como Sales novamente se dirigiu a Denilza de forma desrespeitosa, Alexandre esperou o rapaz sair de casa para persegui-lo e mata-lo, com sete tiros.
Denilza e Alexandre prestaram depoimento na noite de segunda-feira. Segundo os policiais, os depoimentos são coincidentes e Alexandre confessou o crime, dizendo inclusive como Sales estava vestido na manhã do crime. Na manhã desta terça-feira, a Justiça expediu mandado de prisão temporária contra Denilza e Alexandre. A mulher responderá como coautora. O inquérito deverá ficar pronto dentro de 30 dias.
Mensagem – Em tese, tudo está resolvido. Desde que o passado recente de Sérgio Rosa Sales e também da investigação sejam esquecidos. Os policiais ainda não têm resposta, por exemplo, para as mensagens com ameaças que Sales recebeu pelo celular. Os delegados ressaltaram, porém, que há “arestas” que precisam ser aparadas na história. Nada se sabe ainda sobre os torpedos com ameaças de morte para uma das testemunhas do caso Bruno. Também permanece inexplicado o fato de, na mesma semana, outro envolvido no caso, o ex-motoristas Cleiton Gonçalves, ter sofrido dois atentados, um deles levando um tiro de raspão.
A Corregedoria entrou no caso, oficialmente, para dar “transparência” à investigação. Isso era necessário, segundo informou a Polícia Civil, porque Sérgio Rosa Sales denunciou agressões que teriam sido cometidas por agentes da Delegacia Especial de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O que ninguém explicou, também, é o fato de a própria DHPP ter participado da investigação sobre a morte de Sales.
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