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PMs são investigados por morte de universitário no Rio

Jovens teriam furado blitz na Linha Amarela, na noite de segunda-feira. João Pedro Cruz, 23 anos, morreu atingido por bala de fuzil. Delegado desmente versão de que houve troca de tiros na Linha Amarela

Por Da Redação
3 jan 2014, 14h07

Quatro policiais militares do Rio de Janeiro estão sendo investigados pela morte do estudante de cinema João Pedro Cruz, 23 anos, morto por um tiro de fuzil na noite de segunda-feira. Cruz estava com amigos em um Kia Cerato, conduzido por Luiz Pedro Igor Silva das Neves, de 19 anos. O veículo teria ‘furado’ uma blitz montada pela PM na Linha Amarela, na Zona Norte do Rio. O roteiro do caso repete alguns elementos de tragédias recentes da cidade: tudo leva a crer, segundo a Polícia Civil, que os jovens não pararam na blitz por estarem com pequena quantidade de droga no carro; e os policiais envolvidos, para justificar os disparos, tentaram afirmar que foram atacados pelos ocupantes do carro.

Os policiais que atiraram contra o automóvel e mataram o estudante ainda estão trabalhando. A Polícia Militar informou que os quatro praças foram remanejados para plantões em cabines localizadas em vias expressas da cidade. A corporação também abriu inquérito policial militar (IPM) para apurar o caso.

A versão de que alguém no carro em que estava a vítima disparou contra a viatura da PM, no entanto, não se sustenta. O delegado José Pedro Costa da Silva, da 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso), disse na manhã desta sexta-feira que está descartada a versão de que houve troca de tiros. Depois que o Cerato desrespeitou a ordem de parar, os PMs iniciaram uma perseguição, que terminou na Avenida Dom Hélder Câmara, no bairro de Pilares, a cerca de cinco quilômetros da blitz. O estudante morto estava sentado no banco de trás do motorista. O motorista e os outros dois jovens que estavam no carro – Luiz Gustavo Lopes de Almeida e João Pedro Eusébio de Queiroz, ambos de 22 anos – não se feriram. Nenhum dos rapazes tinha antecedentes criminais.

Nesta sexta, foi realizada a terceira perícia no Cerato e na viatura utilizada pelos PMs, de número 54-6077, do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE). Os peritos constataram que o Cerato foi atingido por cinco disparos (dois na tampa do porta-malas, um na porta traseira direita, um na porta traseira esquerda, e um no vidro para-brisas). Já o Renault Logan da PM tem duas marcas de tiros (no retrovisor do motorista e na porta traseira direita).

“Antes dessa perícia, tínhamos apenas uma dúvida: de onde partiram os tiros que atingiram a viatura. Agora, temos certeza que os disparos foram de dentro para fora da viatura, ou seja, foram efetuados pelos próprios PMs durante a perseguição. Podemos afirmar categoricamente que não houve troca de tiros com os jovens, até porque não foi encontrada nenhuma arma dentro do Cerato”, explicou o delegado.

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Dentro do veículo onde estavam os jovens foi encontrada pequena quantidade de maconha e cocaína. Para o delegado, não há nada que indique que os rapazes sejam traficantes. “Tudo leva a crer que a droga era para consumo próprio. Talvez seja esse o motivo que fez com que eles não tivessem parado na blitz”, afirmou. A Polícia Civil ainda aguarda a chegada de imagens de câmeras de segurança da concessionária Lamsa, que administra a Linha Amarela.

Três fuzis e uma pistola que estavam com os PMs foram apreendidos para serem submetidos a exame de balística. Segundo o delegado, os quatro policiais teriam efetuado 14 disparos no total. Em depoimento na 21ª DP, eles alegaram que foram atacados a tiros primeiro, e apenas revidaram. Os PMs foram identificados como cabo André Luiz Fernandes da Silva (que estava com a pistola), cabo Rodrigo Vinícius Ferreira Duarte, sargento Charles Pinto Pereira da Silva e sargento Wagner Luiz da Silva Ramos (os três últimos estavam com fuzis calibre 5.56).

“Ora, se os PMs alegam que só atiraram depois dos rapazes e durante a perseguição, então como o Cerato está com uma marca de tiro no para-brisa que entrou por fora?”, questionou o advogado Pedro d’Alcântara, que representa os jovens. Segundo ele, os rapazes haviam saído de uma festa na Zona Sul e retornavam para casa, na Barra da Tijuca, bairro nobre da Zona Oeste, pela Linha Amarela.

(Com Estadão Conteúdo)

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