PM começa a substituir Forças Armadas no Complexo da Maré
'Se não der certo, vai todo o mundo para o buraco', diz porta-voz da corporação ao criticar pessimismo em relação às UPPs
Agentes da Polícia Militar começaram nesta quarta-feira a substituir os homens do Exército e da Marinha que atuam no patrulhamento do complexo de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A transição começou pelas favelas Praia de Ramos e Roquette Pinto. A ação marca o início da substituição gradual das Forças Armadas pelos policiais que atuarão em quatro bases de Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs) em todo o conjunto de favelas: a primeira deve ficar pronta até 30 de junho.
Os 220 policiais vinculados à Coordenadoria de Polícia Pacificadora (PCC) que atuavam no local junto com as Forças Armadas desde novembro do ano passado continuarão exercendo o patrulhamentol. No final do projeto de pacificação, o conjunto da Maré deverá ter quatro bases de UPP com 1.620 policiais.
Durante a ocupação, o relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, afirmou que existe um sentimento generalizado de pessimismo em relação às UPPs. “As críticas a gente compreende, mas, se não der certo, vai todo o mundo para o buraco”, disse.
“Estar na Maré é um gesto de coragem. Temos problemas na Rocinha, no Complexo do Alemão, no São Carlos, no Turano… São 38 UPPs. Mas vamos voltar ao que era antes? Ao 11 de setembro de 2002, quando o Rio parou?”, indagou, referindo-se à rebelião ocorrida no Presídio Bangu 1, na Zona Oeste. Na ocasião, da prisão, criminosos ordenaram o fechamento do comércio em vários bairros. Houve saques e policiais foram atacados. No mês seguinte, a sede do governo foi alvejada por tiros de fuzil. Caldas comparou ainda as críticas ao aumento da inflação no Brasil. “Se a inflação está alta, significa que vamos acabar com o Plano Real?”.
Próxima etapa – A PM do Rio cumprirá a próxima etapa do processo de transição no dia 1º de maio. Ela será realizada nas favelas Nova Holanda, Parque União, Nova Maré e Parque Rubens Vaz. A ação será mais complexa, conforme explicou Caldas. Na Maré, segundo ele, existem criminosos de três facções rivais, o que faz com que a UPP do complexo seja um desafio tão grande para o processo de pacificação quanto foram o Complexo do Alemão e a Rocinha.
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(Da redação)