A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi a última a falar sobre os desafios de governar para a próxima geração.no seminário “O Brasil que Queremos Ser”. Para ela, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva já começou a construir o Brasil do futuro. Isso, segundo Dilma, se deve muito à política econômica implementada. A ministra afirmou que essa política preza a inclusão social dos mais pobres e assegura a mobilidade social.
Dilma afirmou que o atual processo de crescimento do Brasil tem uma característica diferenciada: além do deslocamento de classes, surge uma nova classe média. Para aprimorar esse quadro, a questão central é implantar mais investimentos no país. Segundo Dilma, para o Brasil dar um salto no crescimento, os investimentos em relação ao PIB devem chegar a 30%.
Para a ministra, a educação vai ser uma peça-chave no processo de distribuição de renda. Como fatores para melhorar o setor, Dilma citou a necessidade de um projeto para melhorar o ensino básico, da implantação da auto-avaliação nas escolas, e também de um processo que retome a boa remuneração e o status dos professores.
Para encerrar, Dilma afirmou que no Brasil do futuro o governo precisa implantar em todos os setores o sistema da meritocracia. Ainda assim, fez questão de lembrar que o atual governo já está dando os primeiros passos nesse sentido, assim como fez com a questão da distribuição de renda.
Imprensa – Se a imprensa vigia a sociedade e o poder público, quem deve vigiar a imprensa? Essa foi a questão que abriu o quarto painel — O papel da imprensa: fortalecimento das instituições políticas. O colunista de VEJA.com Reinaldo Azevedo, mediador do debate, fez essa pergunta para cada um dos participantes: o ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto, o deputado federal Miro Teixeira e o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Todos foram unânimes em ressaltar a importância da liberdade de imprensa numa sociedade democrática ¿ e em dizer que não deve haver leis específicas para orientá-la. Bastos definiu a imprensa como o ¿cão de guarda da democracia¿.
O ministro Ayres Britto lembrou que os veículos competem entre si por mercado, e o público escolhe qual veículo lhe agrada mais baseado na qualidade e no compromisso de cada um com a verdade. Não haveria, portanto, necessidade de leis nesse sentido.
Para Miro Teixeira, é justamente essa multiplicidade de veículos a responsável por garantir um estado onde haja liberdade de imprensa. Não é preciso, portanto, lei que regule a imprensa, uma vez que a Constituição garante essa multiplicidade no Brasil. Thomaz Bastos fez concordou com os colegas. O ministro lembrou que ¿o cidadão tem direito a uma imprensa livre e competitiva¿.
Thomaz Bastos encerrou sua participação com uma nota de crítica. Ele disse que faltam à imprensa no Brasil de hoje duas características básicas: passar a discutir com mais profundidade seu próprio trabalho e também o trabalho do Judiciário.
Miro Teixeira, citando VEJA como exemplo, salientou a importância da livre publicação. Ele lembrou que não deve haver dados sigilosos. A imprensa deve ter liberdade para publicar qualquer informação. A questão tornou-se polêmica, já que Thomaz Bastos e Ayres Britto discordaram da afirmação. Para Reinaldo Azevedo, discordar desse tipo de publicação é uma forma de relativizar a liberdade de imprensa, até então defendida por ambos.
O seminário – Os debates sobre economia, educação e meio ambiente fazem parte do seminário “O Brasil que queremos ser”, que marca os 40 anos do lançamento de VEJA.