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Para curiosos em frente ao Fórum, Lindemberg é culpado

Cerca de 400 pessoas se aglomeram na porta do Fórum de Santo André para seguir o julgamento do caso Eloá. Para população, Lindemberg não pode sair impune

Por Bruno Huberman
16 fev 2012, 15h16

O julgamento do caso Eloá, que acontece desde segunda-feira no Fórum de Santo André, no ABC Paulista, vem, a cada dia, atraindo um número maior de curiosos. Nesta quinta-feira, quando deverá ser conhecido o veredicto do júri a respeito da acusação de Lindemberg Alves – que em seu depoimento admitiu ter atirado em Eloá Pimentel em 2008 – cerca de 400 pessoas se aglomeraram na entrada do Fórum sob um sol intenso, ansiando em saber o que acontece dentro do plenário. Independente de qual venha a ser a decisão dos jurados, para o povo Lindemberg é culpado.

Entenda o julgamento

  1. • Lindemberg Fernandes é acusado de doze crimes, entre eles o assassinato da ex-namorada Eloá Pimentel, de apenas 15 anos. O julgamento deve durar três dias.
  2. • Etapas:

    – Os sete integrantes do júri popular são sorteados entre 25 moradores de Santo André – foram seis homens e uma mulher.

  3. – Em seguida, são ouvidas as cinco testemunhas de acusação. Depois, as quatorze de defesa. Todas podem ser questionadas tanto pela defesa quanto pela acusação.
  4. – Interrogatório do réu. É a última etapa antes da abertura dos debates, com duas horas de exposição para cada lado. Há ainda a possibilidade de réplica e tréplica.
  5. – Os jurados se reúnem na sala secreta para discutir o caso e votar a sentença.
  6. – A juíza Milena Dias, que preside o caso, lê a sentença. Se condenado por todos os crimes, Lindemberg pode pegar de cinquenta a 100 anos de prisão. Pelas leis brasileiras, no entanto, o tempo máximo que alguém pode ficar preso é até trinta anos.

“O que Lindemberg fez é imperdoável. Ele tem que ser punido com a pena máxima que o nosso código penal permite”, afirmou o comerciante Paulo dos Santos, que pelo segundo dia consecutivo acompanha a movimentação do fórum. Para a empregada doméstica Isaura Carvalho Lima, o réu foi cínico durante o seu depoimento. “Ele não pode dizer que amava a Eloá. Amor não é morte”, disse Isaura.

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As opiniões de Paulo e Isaura ecoam nas falas de todas as pessoas ouvidas pelo site de VEJA. Em comum também há a descrença na Justiça e no sistema carcerário. “A gente sabe que mesmo que ele pegue uns trinta anos de cadeia, vai cumprir no máximo uns dez”, disse o engenheiro Claudio Duarte. “A nossa Justiça é muito frouxa. Tomara que desta vez ela não nos decepcione.”

Empunhando um cartaz escrito “mudança urgente no código penal, pena máxima ao assassino”, a agente de saúde Olivia Ramos vê a Justiça de mãos atadas pela legislação. “Nossas leis precisam de uma mudança urgente”, afirmou Olivia. “A pena máxima que a Justiça brasileira pode dar para o Lindemberg não é suficiente. Eu daria prisão perpétua para ele. Mas a Justiça é cega, então tudo pode acontecer.”

Na lateral do Fórum, uma fila de cerca de cem pessoas aguarda o dia inteiro para entrar no plenário e acompanhar o julgamento. A estudante de direito Stephanie Almeida Galvão veio pelo terceiro dia consecutivo. Nesta quinta, ela chegou às 7h30 e até às 16 horas ainda não havia conseguido entrar. Em média, ela aguardou oito horas nos outros dias. “Hoje eu só fui no banheiro uma vez e ainda não almocei”, disse a estudante. “A gente fica horas conversando aqui e barrando os penetras que tentam furar a fila. Mas compensa, estou aprendendo muitos com este julgamento.”

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Já o empresário André Luiz dos Santos está desde segunda-feira preso a uma cruz, clamando por Justiça. Ele viajou por dezesseis horas de Ponte Nova, no interior de Minas Gerais, para Santo André. Ao lado da cruz, estão diversos cartazes de pessoas que morreram em crimes famosos, incluindo um de Isabela Nardoni. “Quero evocar o lado humilde das pessoas e clamar pela paz, acima de tudo”, contou. No ano passado, ele fez uma greve de fome por cinco dias durante o julgamento da Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal.

Viúva negra – Lindemberg não é o único a invocar a fúria dos curiosos. Outro alvo é a sua advogada, Ana Lúcia Assad, alcunhada por Isaura de “viúva negra”. “Ela usa preto o tempo todo porque está de luto pelo Lindemberg”, apontou a doméstica. “Ela sabe que está defendendo alguém que não pode ser defendido.”

Ao ouvir o nome de Ana Lúcia, a agente de saúde Olivia retirou do bolso um nariz vermelho de palhaço e um apito. “Assim que aquela advogada sair do fórum, depois que o Lindemberg for condenado, vou botar esse nariz e apitar para ela”, contou Olivia. “Quem ela pensa que é para mandar a juíza estudar. Ela que é ignorante e hoje será provado isso.”

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