Apontados pelas investigações da Operação Lava Jato como operadores de propinas do PMDB na Petrobras, Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho, informaram ao juiz federal Sergio Moro e à Polícia Federal que pretendem voltar ao Brasil “no menor espaço de tempo possível”. Jorge e Bruno são os principais alvos da 38ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Blackout e deflagrada nesta quinta-feira. Eles tiveram as prisões preventivas decretadas, mas não foram localizados pelos policiais, que cumpriram dois mandados de prisão preventiva no Rio de Janeiro.
Conforme a petição apresentada pelos advogados de ambos ao magistrado, eles se apresentarão “o quanto antes para efetivar o cumprimento da ordem emanada por Vossa Excelência, antecipando seus voos de regresso ao país, buscando junto às companhias áreas que já possuem passagens vagas nos próximos voos”.
Jorge e Bruno Luz ponderam, no entanto, que, dada a proximidade do Carnaval e “da alta demanda de procura para o Brasil, especialmente para a cidade do Rio de Janeiro”, estão tendo dificuldades para encontrar passagens.
No e-mail enviado aos delegados da Polícia Federal Maurício Moscardi Grillo e Felipe Pace, os advogados dos dois falam no “firme interesse de nossos clientes em retornarem ao país” e que “assim que estivermos na posse dos dados referentes aos voos de ambos encaminharemos em nova petição”.
Pai e filho, que estão incluídos na lista de foragidos internacionais da Interpol, anexaram aos autos do processo as passagens aéreas que mostram as datas em que eles foram aos Estados Unidos. Jorge Luz embarcou do Rio para Miami no dia 11 de janeiro e voltaria no dia 7 de março. Bruno Luz está na cidade americana com a mulher e dois filhos desde agosto de 2015, para um curso de inglês, e voltaria ao Brasil em julho.
Em entrevista coletiva para detalhar as investigações da Operação Blackout, representantes do Ministério Público Federal (MPF) afirmaram Jorge e Bruno operaram desvios de cerca de 40 milhões de dólares em dez anos, sobretudo na diretoria Internacional da Petrobras, mas também nas áreas de Abastecimento e Serviços. Segundo os investigadores, contudo, Jorge Luz opera na estatal desde os anos 1980.
O procurador Diogo Castor de Mattos afirmou que os operadores teriam “fortes conexões tanto com diretores corruptos da Petrobras quanto agentes políticos (diretores da estatal e políticos) do partido PMDB“. Mattos se recusou a citar nomes, mas confirmou que os políticos envolvidos são em sua maioria pessoas ainda no exercício dos cargos – e, portanto, com foro privilegiado –, sobretudo senadores. Ele disse ainda que havia um senador responsável pela divisão dos valores entre os demais envolvidos.