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O tango de Cristina

Em 1º lugar nas pesquisas mesmo em meio a uma série de investigações por corrupção, a ex-presidente surpreende a situação ao anunciar que é candidata a vice

Por Kátia Mello
Atualizado em 18 jul 2019, 10h54 - Publicado em 24 Maio 2019, 07h00

Sentada no banco dos réus na terça-feira 21, no início de seu julgamento por corrupção em Buenos Aires, a ex-­presidente argentina Cristina ­Kirchner, 66 anos, chorou ao ouvir as acusações, mas aparentava estar muito acima dos trâmites jurídicos ao seu redor. De fato, as denúncias até agora não influenciaram sua popularidade. Ela está à frente nas pesquisas para a eleição de outubro, enquanto o presidente Mauricio Macri, candidato à reeleição, cambaleia sob o peso de promessas não cumpridas e uma situação econômica deplorável. Mesmo em primeiro lugar, a ex-presidente surpreendeu todo mundo ao tomar uma providência simples: no sábado 18, em um vídeo de longos treze minutos, anunciou que será vice na chapa encabeçada por Alberto Fernández, político bem mais respeitável — e com quem, aliás, viveu às turras ao longo de seu mandato.

Cristina carrega nas costas onze processos por corrupção e desvio de recursos públicos. Como senadora, tem imunidade, e, caso seja eleita vice, continuará tendo. Os analistas acham pouco provável que os processos afetem sua imagem junto ao eleitorado peronista, mais leal ainda diante do fiasco de Macri. O desemprego no país bate os 9,1% e a inflação, os 55% (veja reportagem). A crise econômica, como sempre aconteceu, demoliu as ambições de Macri e fez renascer Cristina, numa virada que soava improvável.

Ao escolher Fernández como cabeça da chapa peronista, a ex-presidente parece ter conseguido um duplo feito, ao menos por ora: desidratou os ataques à sua imagem e acalmou os descontentes dentro do partido com a linha dura do kirchnerismo, ao aparentemente se “esconder” atrás de uma figura mais palatável. Fernández, advogado e professor de direito penal da Universidade de Buenos Aires, tem fama de moderado, com bom trânsito entre o empresariado. Foi chefe de gabinete do marido de Cristina, Néstor Kirchner (morto em 2010). Permaneceu no cargo quando ela assumiu a Presidência, em 2007, mas afastou-se poucos meses depois e tornou-se seu crítico feroz.

Para Cristina, são águas passadas: “Eu o vi, junto a Néstor, decidir, organizar, negociar e buscar apoio em todos os setores”. Ainda não se sabe o impacto da nova chapa nas intenções de voto, nem como será a convivência entre o candidato à Presidência e sua dominadora vice. “É difícil pensar que Fernández será marionete de alguém”, observa Sergio Doval, diretor da consultoria Taquion. Um outro problema, com ares de fogo amigo, no caminho que Cristina supõe estar livre: na segunda-feira 20, o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, peronista de quatro costados, confirmou que também será candidato. Cristina segue em frente, em seu estilo, assertiva, alheia aos escândalos. Na semana retrasada, celebrava o sucesso de sua autobiografia, Sinceramente, lançada no começo do mês, e que já é um best-seller.

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Publicado em VEJA de 29 de maio de 2019, edição nº 2636

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