No Brasil, 90% aprovam internação involuntária de viciados
Medida é defendida pelo Ministro da Saúde, mas criticada por psicólogos
Nove em cada dez brasileiros acreditam que os viciados em crack devem ser internados em clínicas de reabilitação mesmo que contra a vontade. É o que mostra uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo. A medida é defendida também pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, mas criticada pelo Conselho Federal de Psicologia.
O tema, que divide especialistas, ganhou força nos últimos meses com o lançamento do Plano de Enfrentamento ao Uso do Crack e outras Drogas do governo federal, em dezembro, e da ação de policiais na região da Cracolândia, em São Paulo. Pesquisa divulgada na terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que pelo menos 5.103 dependentes do crack e de outras drogas foram internados de forma involuntária em São Paulo nos últimos oito anos. Na média, são quase dois por dia.
Os dados são do Ministério Público Estadual, que deve ser notificado quando a internação involuntária ocorre mediante aprovação da família em um prazo máximo de 72 horas. A regra vale para qualquer diagnóstico, relacionado ou não ao uso de álcool e drogas. Apesar de controversa, a medida é considerada legal em todo o país desde abril de 2001, a partir da publicação da Lei 10.216, que permite que parentes de sangue optem pelo tratamento mesmo sem consentimento do paciente. A legalidade da internação, no entanto, depende da apresentação de um laudo médico, assinado por um psiquiatra.
De acordo com a pesquisa Datafolha, a concordância com a internação voluntária só apresenta ligeira queda entre os brasileiros da Região Sul (86%), os que possuem ensino superior (84%) ou renda acima de dez salários mínimos (79%). O instituto ouviu 2.575 pessoas em 159 cidades do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.