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Nelma Kodama, a dama dos doleiros

Agora em prisão domiciliar, doleira chefiou quadrilha que chegou a enviar ao exterior 120 milhões de dólares por ano

Por Ullisses Campbell
Atualizado em 22 out 2020, 17h30 - Publicado em 15 jul 2016, 22h31
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  • Nelma Kodama já entrou em cena causando. Em março de 2014, seu nome veio a público pela primeira vez quando foi presa ao tentar embarcar para a Itália com 200.000 euros escondidos na calcinha (ela nega, diz que as notas estavam no bolso da calça). Na ocasião, a doleira namorava um delegado da Polícia Civil de São Paulo, a quem acusa de ter feito a denúncia anônima que lhe rendeu o flagrante, um par de algemas e sua primeira estada na cadeia. No ano passado, já condenada pela Lava-Jato a quinze anos de prisão por lavagem de dinheiro, organização criminosa, evasão de divisas e corrupção ativa, ela depôs na CPI da Petrobras e deu uma mostra de sua expansividade ao cantarolar diante dos parlamentares a música Amada Amante, de Roberto Carlos, para definir a natureza do relacionamento que manteve com o também doleiro e réu da La­va-Jato Alberto Youssef.

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    Hoje, Nelma cumpre pena em prisão domiciliar em um apartamento de 500 metros quadrados em São Paulo avaliado em 6 milhões de reais, já confiscado pela Justiça. Com uma tornozeleira eletrônica presa na perna esquerda, passa o dia ouvindo música, lendo processos, trocando mensagens com advogados — ainda responde a quinze inquéritos — e aguardando a homologação de sua delação premiada (em 35 anexos, aos quais VEJA teve acesso, ela detalha crimes que envolvem operadores do câmbio negro paulista). Endividada e com os bens que lhe restam bloqueados, ela reclama de não ter dinheiro “nem para comprar pão na padaria”. Só o seu ex-­advogado Mardem Maues lhe cobra
    1 milhão de reais em honorários

    Nelma tem 49 anos, nasceu na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, e é descendente de japoneses e italianos. Conta que, quando completou 17 anos, fez um intercâmbio nos Estados Unidos e passou a “amar as notas de dólar”. Desde a viagem, só faz cálculos na moeda americana. Filha de uma dentista e um administrador de empresas, formou-se em odontologia e especializou-se em endodontia. Foi para São Paulo aos 27 anos, com um Kadett vermelho e 700 dólares na bolsa. Na capital, alimentava o sonho de ficar rica. Logo viu que o atendimento em consultórios da periferia, sua atividade inicial na cidade, não a levaria aonde queria chegar. A carreira de doleira começou por intermédio do ex-­noivo, sócio oculto de uma agência de câmbio e turismo em Santo André e cunhado do ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, condenado na Operação Anaconda por participar de um esquema de venda de sentenças. No início de 2000, receoso de trombadas com a Justiça, o noivo foi-se embora para Cuiabá, largando os negócios e Nelma. Esperta e ambiciosa, a então dentista percebeu que a agência poderia ser sua mina de ouro. Assumiu o negócio, montou uma quadrilha e passou a operar uma formidável engenharia de remessas ilegais de dinheiro para o exterior. No auge da atividade, ela e seu bando chegaram a movimentar 120 milhões de dólares por ano. Para lidar com dinheiro sujo, Nelma abria e fechava empresas no Brasil e no exterior num piscar de olhos. Ficou rica, esbanjou, esbanjou e esbanjou. Fez plásticas, comprou joias, apartamentos, um Porsche Cayman, casa de campo e 53 unidades do Hotel Villa-­Lobos, em São Paulo. Todos esses bens foram confiscados pela Justiça para pagar sua dívida de 12 milhões de reais com a Receita Federal.

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