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Na cueca, no colchão… como políticos brasileiros ‘guardam’ o dinheiro

Os hábitos exóticos — e muito estranhos — dos políticos e funcionários públicos que insistem em manter suas reservas de dinheiro longe do sistema bancário

Por Hugo Marques e Kalleo Coura
16 out 2015, 21h36

O ex-deputado petista André Vargas era uma estrela em ascensão na política e na vida pessoal até que veio a Operação Lava-Jato. Policiais e procuradores descobriram que o parlamentar paranaense, ao mesmo tempo em que galgava degraus em sua escalada no poder em Brasília, mantinha negócios escusos com o doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do petrolão. Vargas voava nas asas de um jatinho de Youssef e, em contrapartida, usava sua influência para cavar contratos públicos que rendiam dinheiro à quadrilha. Mas isso ainda era só a ponta das atividades extras do parlamentar. Ele também faturava comissões em troca de contratos que arrumava no governo para uma agência de publicidade amiga. Vargas foi preso, teve o mandato cassado e já recebeu do juiz Sergio Moro sua primeira condenação: catorze anos de prisão. O que ele fazia com as propinas que recebia? Isso ainda está sob investigação, mas ele mesmo forneceu uma pista.

O ex-deputado prestou na semana passada um depoimento ao juiz Sergio Moro. Vargas é acusado de comprar uma casa em Londrina, cidade onde construiu sua carreira, com dinheiro de propina, um negócio de 1 milhão de reais. Indagado sobre a origem de 480 000 reais usados para completar a transação, o ex-deputado foi rápido na resposta: disse, sem maiores explicações, que era um dinheiro que ele vinha guardando havia anos, fruto de economias pessoais. “Eu guardava para uma eventualidade”, afirmou ao juiz. A explicação provavelmente é verdadeira. O motivo do cuidado é que é absolutamente falso.

Estudos já demonstraram que a quantidade de dinheiro vivo que circula em uma economia está diretamente ligada aos níveis de corrupção do país. No Brasil, onde quase 40% das transações são feitas em dinheiro, a percepção de corrupção entre a população, medida pela Transparência Internacional, fica em 43 pontos – em uma escala em que zero é o maior grau de corrupção e 100 é a honestidade absoluta. Já em países nos quais há menos “cash” na praça – nos Estados Unidos, as cédulas respondem por cerca de 20% das transações, e em lugares como Reino Unido e Áustria, menos de 10% -, a percepção de corrupção é muito mais fraca: fica acima dos 70 pontos. “Há uma correlação direta entre corrupção e dinheiro vivo. Por que outra razão uma pessoa faria transações altas com cédulas num país com sérios problemas de segurança?”, questiona o economista Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas.

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