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Munição de Nem vinha da polícia

Investigações revelam que policiais corruptos venderam mais de 2 000 cartuchos e balas ao bando de Nem na Rocinha. Só falta agora apontar os responsáveis

Por Da Redação
7 jan 2012, 17h05
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  • Leslie Leitão

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    Dias antes da ocupação da favela da Rocinha por forças de segurança no Rio de Janeiro, a Polícia Federal prendeu cinco traficantes que tentavam escapar da operação iminente. Os bandidos eram do alto escalão da quadrilha do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e estavam sendo escoltados por três policiais civis. Nos quatro carros usados na fuga havia quase 500 cartuchos e balas, dez pistolas e três fuzis. Boa parte era de uso exclusivo das forças de segurança e chegara aos marginais pelas mãos dos próprios policiais. A prisão escancarou a simbiose entre o crime organizado e agentes da lei que manteve aquela área imune à ação do estado durante décadas. Desde então, por força da nova ordem que se estabeleceu ali, os esqueletos começaram a sair do armário. O mais recente emerge de um relatório de inteligência da Secretaria de Segurança do Rio obtido por VEJA. O documento deixa claro que vigoravam, entre o bando de Nem e policiais corruptos, canais permanentes de fornecimento de armas e munições. Dos 23 000 cartuchos e balas já encontrados em covas e paióis clandestinos espalhados pela Rocinha, pelo menos 2 300 foram desviados de quartéis do Exército, de batalhões da Polícia Militar e dos estoques da Polícia Civil. Os bandidos tinham até munição da Polícia Militar de São Paulo.

    A contabilidade das apreensões na Rocinha mostra que o arsenal ali era maior do que o de qualquer batalhão da PM ou delegacia do Rio. Até agora, além dos 23 000 cartuchos e balas, foram encontrados 91 fuzis, noventa pistolas, dez metralhadoras e 122 granadas. Nas mãos de cerca de 400 marginais, tal artilharia garantia o comércio de mais de 5 toneladas de cocaína por ano, que rendia estimados 60 milhões de reais. Ao ser preso, Nem declarou gastar metade disso em propinas para policiais corruptos – que, além de armas e proteção, davam também treinamento bélico a seus comparsas. A equipe da Subsecretaria de Inteligência que rastreia a origem das armas e munições já sabe que a parte que não foi desviada da polícia ou do Exército chegou ao morro pelas mesmas rotas que as drogas – principalmente via Paraguai e Bolívia. A inteligência começa a desvendar quem eram os fornecedores da quadrilha e como funcionava o esquema. Sabe-se, por exemplo, que treze dos 26 lotes de munição já identificados foram comprados pela PM do Rio num mesmo dia de 2009. Diz um dos investigadores: “O mais provável é que o material tenha sido desviado por um único grupo, especializado em atender a bandidagem”. Agora é questão de tempo – e de vontade – até que se chegue aos nomes.


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