Depoimento de Dayanne complica a vida de Bruno: ex-mulher afirma que ele estava no sítio, diz que foi orientada a mentir e confirma queima de provas
Por Leslie Leitão, Marcelo Sperandio e Pâmela Oliveira, de Contagem
5 mar 2013, 22h51
O sequestro e o assassinato de Eliza Samudio, no qual está diretamente envolvido o homem com quem a jovem teve um caso amoroso e um filho, é o capítulo mais brutal e definitivo da história do goleiro Bruno Fernandes. Os atos de covardia contra Eliza, perpetrados por um grupo que orbitava o sítio do jogador em Esmeraldas e que vivia às custas da fartura de dinheiro dos tempos em que ele foi goleiro do Flamengo, levaram Bruno e seus comparsas ao banco dos réus do Tribunal do Júri de Contagem. Mas antes mesmo de pôr em prática a trama macabra o atleta colecionava atos de machismo, arrogância e desrespeito com as mulheres – entre eles as agressões contra Eliza, forçada a tomar medicamentos abortivos no Rio de Janeiro.
Bruno aguarda o desfecho do julgamento e, diante da tendência de condenação, avalia até mesmo uma confissão parcial, como dão a entender seus advogados. Até que ele deponha, possivelmente na quarta-feira à tarde, o jogador que foi ‘o rei’ das orgias no sítio, que comandava festas regadas a muita bebida, acerta pouco a pouco suas contas com as mulheres com quem conviveu nos últimos tempos.
Também ré no processo, Dayanne Souza, com quem Bruno tem duas filhas, foi interrogada na noite desta terça-feira. Não trouxe grandes revelações ao inquérito, mas confirmou alguns aspectos essenciais para a condenação do ex-marido: Bruno sabia da presença de Eliza no sítio, no período em que, segundo a denúncia do Ministério Público, ela ficou em cárcere privado; Macarrão decidia para onde e quando Eliza deveria partir, o que elimina qualquer possibilidade de a defesa afirmar que a jovem poderia circular livremente. Dayanne também afirmou ter recebido ordens de Bruno e Macarrão para mentir. Os dois haviam dito que, caso alguém ligasse, era para negar que a criança estava com ela. Dayanne também afirmou já ter sido agredida por Bruno.
Até o momento, só foram interrogadas mulheres no julgamento do goleiro. A primeira delas, na segunda-feira à tarde, foi a delegada Ana Maria dos Santos, que começou a investigar o caso. Alvo de declarações preconceituosas do advogado Ércio Quaresma, na fase do inquérito policial, a delegada foi quem detalhou, para os jurados, o passo a passo do crime, desde o sequestro de Eliza e do filho no Rio de Janeiro. Foi bombardeada pelos advogados de defesa, que tentaram confundi-la. Não deu certo: Bruno e os criminalistas Lúcio Adolfo e Tiago Lenoir levaram a pior, e encontraram uma policial absolutamente segura dos detalhes e conhecedora das técnicas de interrogatório que descortinam mentiras do inquirido.
A maré, para o goleiro, não é das melhores com o público feminino. E até quando tentam ajudar as mulheres podem complicar a vida do réu. No depoimento da tarde desta terça-feira, Célia Aparecida Rosa Sales, irmã de Sérgio Rosa Sales – o primo de Bruno assassinado no ano passado – foi ouvida na condição de “informante”. Ela é testemunha de defesa de Dayanne e, por ter parentesco com o goleiro (são primos), foi interrogada sem jurar dizer apenas a verdade. E complicou-se. O promotor Henry Castro quis saber de Célia o motivo de ela declarar que Bruno não estava no sítio, em Esmeraldas, quando Eliza e Bruninho foram levados para o local. “O que motivou a senhora a prestar depoimento e não dizer a verdade?”, perguntou Henry. Nervosa, Célia admitiu a mentira e confessou: “Estava com medo”.
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