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Militar preso com 37 kg de cocaína aceita 6 anos de pena na Espanha

'Profundamente arrependido', sargento Manoel Silva Rodrigues ainda pagará uma muta de 2 milhões de euros, o equivalente a 9,5 milhões de reais

Por Redação
24 fev 2020, 12h08

O sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, que foi detido em junho de 2019 na Espanha com 37 quilos de cocaína enquanto viajava como parte da tripulação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, aceitou nesta segunda-feira, 24, cumprir seis anos de prisão por tráfico internacional de drogas. Ele também deve pagar uma multa de 2 milhões de euros, o equivalente a 9,5 milhões de reais.

“A Promotoria reduziu o pedido de prisão de oito anos para seis anos e um dia e a defesa do militar aceitou esta pena”, afirmou o porta-voz do tribunal de Sevilha, na Andaluzia, local do julgamento.

Depois de não colaborar com as investigações ao longo do processo, o militar brasileiro reconheceu o crime ao tribunal e disse estar “profundamente arrependido”. “Estou profundamente arrependido. Peço ao Estado e ao povo espanhol que me perdoem por trazer isso para o seu país”, disse o militar, que concordou que “o castigo é justo” e que depois de cumprir a pena irá voltar ao Brasil.

Rodrigues também deu detalhes sobre a operação. “A pessoa que me entregou disse-me que o seu destino era a Suíça e que eu deveria introduzi-la na Europa”, explicou, acrescentando que tinha por missão ir a um centro comercial “por volta das três ou quatro horas da tarde”, no dia 25 de junho de 2019, para dar a cocaína a outro homem que não conhecia.

“Eu tinha de ir com roupa camuflada e uma camisa verde, e a outra pessoa iria me identificar através de uma fotografia”, afirmou. Segundo o militar, que também é alvo de um processo de expulsão por parte da Aeronáutica, foi “a primeira e única vez na vida” que “fez de forma equivocada uma coisa dessas”. “Passava por dificuldades econômicas. Estou na Aeronáutica há 20 anos e nunca tive nenhum caso, mas um militar no Brasil não tem um bom salário. Sempre compro coisas nas minhas viagens, como celulares, e vendo para ganhar algo extra”, disse.

Os guardas civis que apreenderam a droga também estiveram no tribunal e relataram que Rodrigues lhes explicou que a substância “era queijo”, tendo aberto as suas bagagens porque “é proibido introduzir alimentos de origem animal de países não comunitários”. Eles acrescentaram que os “tijolos” de cocaína estavam “empilhados como se fosse uma enciclopédia”.

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O representante do Ministério Público salientou que considerou a declaração do militar “sincera” e a defesa dele concordou com a alteração da acusação e a correspondente redução da pena solicitada.

A prisão

Manoel Silva Rodrigues foi detido em 24 de junho de 2019 com 37 quilos de cocaína em sua mala, quando o avião da FAB em que estava fez escala em Sevilha. Ele estava a bordo de uma aeronave de apoio à comitiva de Bolsonaro, que viajava ao Japão para a reunião da cúpula do G20, no Japão.

Naquele dia, ele se apresentou antes da tripulação e entrou no avião junto com as comissárias, sem pesar sua mala de mão, mochila e uma bolsa utilizada para o transporte da sua farda. Já a bordo, o militar chamou a atenção de seus colegas porque posicionou sua bagagem na última poltrona, onde permaneceu durante toda a viagem, como se estivesse protegendo o material. Ao chegar no dia seguinte em seu destino final, Silva Rodrigues passou pelo procedimento de imigração e, ao ser submetido ao aparelho de raio-x do aeroporto, foi flagrado com 37 quilos de cocaína.

“O denunciado, consciente e voluntariamente, transportou e exportou o montante total aproximado de 37 kg (trinta e sete quilogramas) de substância entorpecente conhecida como cocaína, sem autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar, vindo a desembarcar com aquele estupefaciente na cidade espanhola de Sevilha em 25 de junho de 2019, conduta tipificada como tráfico internacional de Drogas”, diz trecho da denúncia apresentada pelo promotor Jorge Augusto Caetano de Farias, em 19 de dezembro de 2019.

A acusação, acolhida em 8 de janeiro pelo juiz Frederico Magno de Melo Veras, da Justiça Militar, baseou-se em depoimentos de testemunhas e em relatórios de perícia que atestaram a posse da substância entorpecente. De acordo com laudos produzidos pelas autoridades espanholas, o valor de mercado da droga apreendida correspondia a 1,4 milhão de euros (6,3 milhões de reais, em valores da época). O volume chamou a atenção dos investigadores.

Na ocasião da prisão do sargento, Bolsonaro classificou o fato como “inaceitável”, exigiu uma investigação e “punição severa ao responsável”. A Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pela segurança do avião, anunciou o reforço das medidas de controle para prevenir este tipo de ilícito.

O sargento, que entrou para a FAB em 2000, realizou pelo menos 29 viagens no Brasil e ao exterior desde que ingressou, em 2010, no Grupo de Transporte Especial (GTE), responsável, entre outras funções, por transportar a cúpula do governo.

(com AFP e Agência Brasil)

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