Ocupada pela polícia e integrante do grupo de favelas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) desde 2 de novembro do ano passado, a favela da Mangueira, na Zona Norte do Rio, amanheceu com comércio fechado, por ordem de traficantes. A ameaça, para a polícia, partiu de bandidos ligados ao traficante Acir Ronaldo Monteiro da Silva, conhecido como 2K, de 42 anos, morto esta noite no Recreio dos Bandeirantes.
A ligação direta das ameaças com o assassinato do bandido, morto próximo à praia da Zona Oeste, é algo que só uma investigação futura poderá comprovar. A preocupação, no momento, para moradores e toda a população, é o fato de criminosos ainda conseguirem exercer tamanho poder mesmo depois da presença ostensiva de Policiais Militares na 18ª UPP do estado – atualmente são 30 dessas unidades.
Complexo do Alemão – O shopping vai à favela
O episódio também é um banho de realidade sobre a real dimensão da pacificação. No momento, desenha-se o projeto de um shopping-center no Complexo do Alemão, com lojas, cinemas e praças de alimentação. A promessa é de envolvimento de moradores em todas as etapas do empreendimento, da construção ao controle de franquias de marcas conhecidas – além, claro, de toda a rede de empregos que se forma a partir de um novo centro comercial. A situação na Mangueira, uma favela bem menor e, teoricamente, mais controlável do ponto de vista da segurança pública, alerta para os riscos da resistência dos bandidos armados.
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Apesar das repetidas afirmações do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, de que as UPPs prometem livrar o morador do poder armado do tráfico, mas não visam a eliminar totalmente a venda de drogas, o exemplo da Mangueira mostra que tirar os bandidos de circulação é parte importante do processo. No fim de semana, o Rio de Janeiro foi tema de uma reportagem do jornal americano New York Times, com o título “Rio, de olhos abertos”. Em tom de “teste” da cidade, a reportagem se propôs a verificar as reais condições de segurança, além, é claro, de descrever belezas do litoral e o espírito de descontração entre os cariocas. O saldo final, segundo a reporgagem, é positivo para a cidade. A publicação é mais uma de uma série de avaliações internacionais de grande repercussão, que atraem mais e mais turistas ao Rio.
Assassinato – O traficante assassinado esta madrugada cumpria regime semiaberto e foi morto a tiros, na Praia do Recreio dos Bandeirantes. Acir tinha 10 mandatos de prisão por tráfico e homicídio. Ele é acusado de invadir a quadra da Mangueira, em março de 2012, para tentar destituir o presidente Ivo Meireles.
Em nota, a Polícia Civil informou que a 17ª DP (São Cristóvão) tem dois inquéritos que apuram o tráfico de drogas na Mangueira. Nos dois inquéritos Acir é apontado como traficante daquela região. Segundo a Polícia Civil, o traficante não possuía mandado de prisão pendente e se apresentava de três em três meses em juízo.
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