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Médico desmascarado

Por Da Redação
21 ago 2009, 21h38

Roger Abdelmassih levanta-se, faz a barba, passa perfume e, depois, uma vassoura na cela. Um dos médicos mais conhecidos do país, responsável por praticamente todos os filhos de famosos gerados com auxílio da medicina, ele foi preso na segunda-feira passada e, na quinta, falou a VEJA na cela de 16 metros quadrados, com colchonetes sobre camas de cimento, uma mesinha e um vaso sanitário, que divide à noite com outro detido – durante o dia, os cinco presos com formação universitária e, por isso, acomodações separadas no 40 Distrito Policial de São Paulo, ficam num pátio. “Continuo com a minha dignidade”, declarou.

Aos 65 anos, o homem que conseguia tirar Roberto Carlos de casa, recebia a gratidão de Pelé e dava jantares a Hebe Camargo, com vinhos faustosos e gorjetas de 300 reais aos empregados, enfrenta denúncias devastadoras. São 56 acusações de estupro contra 39 mulheres, todas pacientes de sua clínica em São Paulo, um endereço que, antes da avalanche, chegou a alcançar prestígio internacional.

A investigação contra Abdelmassih começou em maio do ano passado, veio a público em janeiro e na semana passada ganhou nova dimensão com a sua prisão preventiva. Quando aflorou, a maioria dos casos era tratada como abuso sexual. Agora as acusações são de estupro. A mudança aconteceu em razão de uma nova legislação sobre crimes de natureza sexual, em vigor desde 7 de agosto. Segundo ela, qualquer ato sexual violento praticado contra alguém, anteriormente designado como ato libidinoso, passa a ser considerado estupro.

Os crimes sexuais sem violência que deixe marcas explícitas são por natureza complicados. Na ausência de provas colhidas a tempo, ou mesmo de denúncias contemporâneas aos atos que lhe são atribuídos, pesam contra Abdelmassih a quantidade e a similitude de depoimentos. Algumas dessas mulheres foram ouvidas e identificadas por VEJA.

Tanto elas quanto as que preferiram continuar anônimas contam histórias parecidas. Procuraram a clínica de reprodução assistida mais famosa do Brasil, fecharam pacotes caros e foram assediadas. Contam de beijos forçados, carícias íntimas. Às vezes, pouco depois de conhecer a paciente, ele se declarava apaixonado. Algumas falam que foram lambidas. Outras, que o médico passava o pênis por seus corpos. Uma tem certeza de que o ato sexual, com penetração vaginal, foi consumado; outra teve sangramento anal. Os avanços menos violentos, segundo relatam, aconteciam durante consultas, os mais torpes com as pacientes ainda sob efeito da anestesia, usada no procedimento em que os óvulos são retirados para serem fertilizados em laboratório. Abdelmassih já disse que as mulheres que o acusam sofreram alucinações sexuais provocadas pelo anestésico.

Abdelmassih está bem recuperado da cirurgia feita no fim do ano passado em razão de um aneurisma na aorta. Namora a procuradora Larissa Maria Sacco, com quem freqüentava restaurantes e shoppings antes da prisão. “Espero que ela seja no futuro a minha mulher”, disse ele a VEJA. Na entrevista, o médico chorou ao falar da noiva. Depois, demonstrou orgulho ao revelar um outro detalhe no campo das conquistas amorosas: “Tenho recebido muito apoio. Tenho que lhe dizer que há uma mulher que mandou cartas se dizendo apaixonada”.

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Como é o seu dia na prisão?

Eu tenho dormido pouco, porque não quero tomar nenhuma medicação. Eu durmo, acordo, leio, durmo mais um pouco, leio. Tenho lido a Bíblia e o livro A Cabana.

E os cuidados pessoais?

Eu acordo às 7 horas, me barbeio todos os dias, uso desodorante e faço minha higiene normal. Eu continuo com a minha dignidade mantida.

Em maio do ano passado, o número de mulheres ouvidas nas investigações era seis. Agora são 60. Como o senhor explica essa multiplicação de denunciantes?

Obviamente, foi pela publicação e agitação natural. Há também outras razões que eu posso imaginar, mas prefiro não falar. O que eu posso dizer é que eu tenho absoluta segurança da minha inocência e que a Justiça vai mostrar isso. Quem está me acusando vai ter que responder por isso.

É verdade que o movimento em sua clínica caiu 90%?

Não. Até o momento em que fui trazido para cá, tive perda entre 40 e 50%.

A sua defesa poderia alegar algum tipo de desvio psíquico?

Absolutamente. Eu tenho 20.000 mulheres que entraram na minha clínica. Mulheres absolutamente lindas ou não. Eu sou assim, uma pessoa sensível, simpática, querida.

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Leia a reportagem completa em VEJA desta semana (na íntegra somente para assinantes).

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