Marginal Tietê: uma cratera no meio do caminho
O rompimento de dutos de esgoto inundou o túnel do Metrô em construção e desestabilizou o solo, causando o desmoronamento que atingiu a pista de veículos
Na manhã da terça-feira 1º, quem passou pela Marginal Tietê, em São Paulo, perto das obras da Linha 6 do Metrô, que ostentará a cor laranja, testemunhou um desastre de grandes proporções — atalho para imensos engarrafamentos na região. O rompimento de dutos de esgoto inundou o túnel em construção e desestabilizou o solo, causando o desmoronamento que atingiu a pista de veículos. Felizmente, não houve vítimas e a via foi interrompida. No mesmo dia, a concessionária responsável pelas obras, a espanhola Acciona, descartou que o desabamento estivesse relacionado às operações de construção da linha. “Trata-se do rompimento de um interceptor de esgoto”, disse a empresa em nota pública. Uma das hipóteses era de que o “tatuzão”, como ficou conhecida a máquina que abre caminho pelo subsolo, tivesse provocado o estrago. Mas isso também foi afastado. Como medida de contenção, a solução foi preencher a cratera com material rochoso e argamassa. A intenção é estabilizar o terreno, para que se possa recuperar a tubulação, a erosão e as pistas atingidas. Bombas farão a drenagem do coletor de esgoto. A Linha 6 foi lançada em 2008, pelo então governador José Serra, com previsão de entrega em 2012. Depois de idas e vindas, com interrupções frequentes, a obra foi retomada em 2020, com prazo, agora, para 2025. Com uma cronologia tão elástica, não surpreende que acidentes desse tipo aconteçam e provoquem imagens impressionantes e tristes.
Publicado em VEJA de 9 de fevereiro de 2022, edição nº 2775