Mais dois corpos de vítimas da tragédia em Angra dos Reis foram encontrados nesta terça-feira, elevando a 52 o total de mortos na cidade. A informação foi confimada pelo subsecretário de Defesa Civil, coronel Pedro Machado, e pelo secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes. O Instituto Médico Legal (IML) do Rio já fez a identificação das vítimas, que se tratam das turistas da cidade paulista de Arujá Fernanda Muraca, de 27 anos, e Emanuela Neves, de 33. Uma terceira mulher ainda está desaparecida.
Os corpos foram resgatados na Enseada do Bananal, em Ilha Grande. Agora já chegam a 31 as vítimas fatais encontradas em Bananal. Outras 21 pessoas morreram depois de um deslizamento de terra no Morro da Carioca, região de central de Angra.
Na segunda-feira, os bombeiros resgataram os corpos de outras quatro vítimas- todos no Morro da Carioca. Nenhum dos quatro corpos localizados nesta segunda constava da lista inicial dos bombeiros. Dos três, apenas um foi identificado: Carlos Henrique Narciso, de 12 anos. “Um dos corpos encontrados era de uma criança, que não estava na lista de desaparecidos. Como uma criança não chega sozinha a lugar nenhum, ela poderia estar em companhia de adultos que também podem estar soterrados”, disse o subscretário de Defesa Civil do estado, coronel bombeiro Pedro Machado.
As buscas desta terça, porém, podem ser prejudicadas por novas chuvas. A empresa Climatempo previa mais precipitações a partir da tarde desta terça. Por causa do tempo nublado, as pessoas que deixavam suas casas na região aceleraram a retirada da área na manhã desta terça. No Morro da Carioca, os moradores de casas condenadas pela Defesa Civil apressaram sua saída, temendo novos deslizamentos de terra.
Decreto polêmico – Embora o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, tenha defendido a “radicalização” contra a ocupação desordenada das encostas de Angra dos Reis, moradores e ambientalistas de Ilha Grande recolhem, há quatro meses, assinaturas contra um decreto de Cabral que abriu uma brecha para novos imóveis na região.
O Decreto nº 41.921/09, publicado em junho de 2009, autoriza a construção em áreas não edificáveis da Área de Proteção Ambiental (APA) de Tamoios, que inclui uma faixa de mais 80 quilômetros do litoral de Angra, a face da Ilha Grande voltada para o continente e as mais de 90 ilhas da baía. A Pousada Sankay e outras sete casas soterradas, na tragédia que matou 29 pessoas, ficam na região.
Segundo o decreto – que, para ambientalistas, atende à especulação imobiliária -, residências e empreendimentos turísticos poderão ser construídos em áreas da chamada zona de conservação de vida silvestre que já tenham sido degradadas, limitando-se a 10% do terreno. As informações foram publicadas na edição desta terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo.