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Mãe de menino Marcus Vinícius confia em testemunha para esclarecer morte

O depoimento de um estudante de 16 anos, que socorreu o menino baleado na Maré, endossa a tese de que o garoto foi ferido por policiais

Por Agência Brasil Atualizado em 26 jun 2018, 12h41 - Publicado em 26 jun 2018, 12h40

A busca pela verdade sobre a morte do filho é o que sustenta Bruna da Silva, mãe de Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos. O adolescente morreu depois de ser baleado durante uma operação no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, na quarta-feira passada, 20. “Não existe o oculto que Deus não revele. Deus vai revelar”.

Bruna espera que o depoimento de uma testemunha na Delegacia de Homicídios (DH) ajude no esclarecimento da morte do adolescente. “Eu tenho uma testemunha que estava com o meu filho na hora e o socorreu. É também um jovem de 16 anos. Ele era estudante na escola do meu filho”, disse.

A mulher contou que, ao sair de casa, o filho passou na casa do amigo para irem juntos para a escola. No caminho, diante do intenso movimento na comunidade por causa da operação, os dois resolveram voltar para a casa e Marcus Vinícius foi atingido. A mãe reafirmou a conversa que teve com o adolescente no hospital, quando ele disse que o tiro que o atingiu teria partido de um veículo blindado da polícia.

O advogado de Bruna, João Tancredo, disse que tanto o depoimento da sua cliente como o da testemunha mostram que o menino foi ferido por um integrante das forças de segurança. “Nós levamos a Bruna para prestar depoimento e também uma testemunha presencial. Com isso a gente chegou à conclusão fácil de que foi um tiro disparado de um blindado da CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil). Fica muito clara a responsabilidade do estado”, observou, acrescentando que vai entrar com uma ação de indenização em favor da família.

Bruna acredita que a repercussão do caso, inclusive no exterior, deve pressionar para o esclarecimento do assassinato. “Calaram meu filho, mas abriram a boca do mundo inteiro. É muita gente comigo”, declarou.

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Procurada para comentar o caso, a Polícia Civil disse, em nota, que as investigações seguem em andamento e que “testemunhas e policiais continuam sendo ouvidos. Ao final dos depoimentos será marcada uma reprodução simulada do caso”, finaliza o comunicado.

Notícias falsas

Segunda-feira à tarde, acompanhada do advogado, Bruna Silva se reuniu com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O encontro foi no gabinete do parlamentar e ficou acertado que a Comissão vai encaminhar um pedido ao Facebook para retirar postagens que acusam o jovem de envolvimento com o tráfico.

“Essas pessoas que estão falando mal do meu filho, nunca viram Marcus Vinícius da Silva na vida. Não conhecem a mim, não conhecem o pai. Ninguém vai falar mal do meu filho que estuda desde os 4 anos de idade”, disse Bruna ao reafirmar: “são mentiras, são calúnias e essas pessoas têm que pagar de um jeito ou de outro”, completou.

O deputado Marcelo Freixo lembrou que a ação será semelhante a que ocorreu quando começaram a ser divulgadas notas falsas sobre a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março. “Para tirar do Facebook todas as acusações criminosas e covardes contra uma criança de 14 anos que perdeu sua vida indo para a escola. Não é possível que tentem matá-lo novamente. É um procedimento muito parecido com o que aconteceu com Marielle. No caso da Marielle a gente conseguiu tirar do ar notícias falsas. Em outras redes a gente também vai tentar através da delegacia”, afirmou Freixo.

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Além disso, segundo Freixo, a Comissão de Direitos Humanos vai providenciar o pedido de atendimento psicológico para toda a família de Marcus Vinícius e para o adolescente de 16 anos, que é testemunha.

Luto

Bruna disse que ainda não sentiu o luto pela morte do filho, porque a necessidade agora é mostrar a imagem correta do menino criado com dificuldade em uma comunidade que frequentemente enfrenta a violência causada por intensos tiroteios, mas, ainda assim, fez questão de falar com carinho do lugar onde mora e do apoio que tem recebido.

“A minha comunidade é quente. É calorosa. Foi ela que me apoiou e me abraçou. Ela que me beijou quando eu cheguei lá com o meu filho já alvejado no hospital. Ela é doce e não precisa de operação truculenta desse jeito não.”

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A Delegacia de Homicídios da Capital abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Marcus Vinicius e disse que todos os protocolos de investigação serão adotados “rigorosamente”.

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