O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nesta terça-feira elogiar o “bom comportamento” dos senadores Fernando Collor de Melo (PTB-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Em discurso durante uma visita à pequena cidade de Palmeira dos Índios, no interior de Alagoas, Lula fez questão de dizer que Collor e Renan dão sustentação aos trabalhos do governo no Senado. O presidente não economizou nos elogios à dupla.
Lula chegou, inclusive, a se comparar a Collor, ao mencionar a popularidade que ostenta entre os nordestinos. Até o ex-presidente Juscelino Kubitschek entrou na comparação. “Não era habitual neste país os presidentes percorrerem o Brasil. Além do Collor que é de Alagoas, o único presidente a vir aqui foi Juscelino Kubitschek”, disse Lula.
A troca de elogios poderia ser normal se, durante a campanha eleitoral de 1989 para a presidência, Lula e Collor não tivessem se enfrentado nas urnas e nos debates televisivos. Em sua campanha, Collor colocou o depoimento de uma ex-namorado do atual presidente, Miriam Cordeiro, que denunciou que Lula tentara convencê-la a fazer um aborto para impedir o nascimento de uma filha do casal, Lurian.
Lula também acusou o adversário de causar prejuízos aos cofres públicos alagoanos enquanto Collor esteve a frente do governo. A artilharia era pesada e havia em suas linhas de combate dossiês de ambas as partes com acusações desde simulação de pobreza a envolvimento com mortes e drogas.
Dois anos depois de assumir a presidência, denúncias de um esquema de corrução organizado pelo tesoureiro da campanha de Collor, Paulo Cesar Farias, levaram ao processo de impeachment e o afastamento do então presidente.
Críticas – Após terminar a série de elogios a Collor e Renan, Lula aproveitou para criticar o que chamou de “compadrio” dos políticos que o antecederam. Segundo Lula, seu governo não define investimentos de acordo com a filiação política dos governos regionais. “Antes, em vez de se governar, fazia-se a política do compadrio”, disse o presidente. Pouco antes, o tucano Teotônio Vilela, governador de Alagoas, havia feito um discurso repleto de elogios ao governo. Ele chegou, inclusive, a pedir uma “salva de palmas” dos presentes a Lula.
Nem mesmo a presença de um governador da oposição impediu Lula de falar sobre as próximas eleições. O presidente garantiu que vai ajudar a eleger seu “sucessor ou sucessora” no ano que vem. “Está chegando o ano eleitoral e eu não posso falar de eleição. Mas eu só vou dizer uma coisa para vocês. Podem escrever: eu vou fazer, eu vou ajudar a eleger a minha sucessora neste país. Ou sucessor”, afirmou.