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Luiz Lima defende atacar “fontes de renda” das milícias no Rio

Candidato do PSL declarou que a exploração imobiliária irregular deve ser combatida pelas polícias e pela Prefeitura do Rio

Por Marina Lang Atualizado em 26 out 2020, 14h52 - Publicado em 26 out 2020, 13h16

Na sabatina que inaugurou a série de conversas do projeto VEJA E VOTE com os principais postulantes à Prefeitura do Rio de Janeiro na manhã desta segunda-feira, 26, o candidato Luiz Lima (PSL) defendeu o ataque às fontes de renda das milícias no Rio de Janeiro, a partir do que seria a sua principal fonte de arrecadação: a exploração imobiliária irregular.

Aos colunistas de VEJA Dora Kramer e Ricardo Rangel e ao repórter Ricardo Ferraz, que conduziram a sabatina, Lima defendeu uma atuação ativa e em conjunto com as polícias e a Secretaria de Meio Ambiente para demolir construções irregulares.

“Acho que o primeiro passo, seja para milícia ou seja para o tráfico, é atacar o problema: a fonte de renda dessa organização criminosa. Junto com meu vice-prefeito Fernando Velloso, que foi chefe da Polícia Civil, (…) temos um alinhamento de a gente não cruzar os braços para este problema. O que a gente tem acompanhado ultimamente são prefeitos que cruzam os braços e fazem alinhamento político, infelizmente, com esses setores [organizações criminosas milicianas], o que tem prejudicado muito a vida e o cotidiano do carioca”, declarou. O candidato, no entanto, não citou políticos específicos que teriam feito esse alinhamento.

Ele detalhou como colocará esse plano em prática, caso seja eleito.

“Ando de moto no Rio de Janeiro, gosto de sair à paisana e sentir o que o cidadão sente. Temos áreas de milícia que têm como a principal fonte de arrecadação a exploração imobiliária. Temos uma área próxima da Barra da Tijuca – na Muzema, por exemplo, aqueles dois prédios que caíram no ano passado. A prefeitura tem o poder junto da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Secretaria de Meio Ambiente de denunciar essas ocupações irregulares – muitas delas em áreas de proteção ambiental, à beira de lagoas. A gente tem, sim, como ser ativo nisso para mapear, comunicar à Justiça e ir com a polícia e demolir essas construções”, disse o candidato.

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Reportagem especial de VEJA desta semana mostrou como as milícias vêm agindo durante a campanha eleitoral. Dados inéditos da Polícia Civil mostram que, entre 2008 e 2020, o número de morros, favelas e bairros sob o domínio de milicianos mais do que dobrou, de 160 para 393.

Divergência com Bolsonaro sobre Coronavac

Integrante da base aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o candidato, que se licenciou do mandato de deputado federal do PSL para concorrer à Prefeitura do Rio, deixou claro que possui um “alinhamento de ideias” com o mandatário e com o Governo Federal.

No entanto, ele divergiu a respeito da aplicação da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa SinoVac, a CoronaVac. Lima declarou que vai defender a aplicação caso a eficácia dela seja comprovada.

“Particularmente, como cidadão e deputado federal, se a vacina tiver uma comprovação de eficácia, eu estou de acordo, seja de onde ela vier”, afirmou. “Estou alinhado com as ideias do Bolsonaro, vou ser sincero com você: o candidato é o Luiz Lima”, acrescentou.

Ele declarou, contudo, que não pode obrigar os cidadãos a se vacinarem caso estes não queiram a aplicação de uma dose.

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Em outro momento da sabatina após um questionamento de Dora Kramer, ele ponderou: “Não convirjo 100% nem com o meu pai, não convirjo 100% com o Bolsonaro. Mas eu convirjo um percentual muito alto que me traz a segurança de estar caminhando ao lado dele. Mas eu sou Luiz Lima e tenho minha forma de agir, eu sou um pouco mais brando. Mas os meus objetivos para o nosso país são os mesmos: o meu, o do nosso presidente e os daquelas pessoas que querem o bem para o nosso país”.

Apoio explícito de Bolsonaro

Bolsonaro vem evitando declarar apoio a candidatos ao pleito municipal no Rio, cidade que é sua base eleitoral.

Perguntado pela colunista de VEJA sobre um eventual apoio explícito do presidente à sua candidatura a prefeito, Lima disse: “Tenho muita responsabilidade com a governabilidade do meu país. Eu não exploro a imagem do presidente. Quero mostrar o Luiz Lima alinhado com o presidente só dizendo a verdade. Algumas declarações minhas estão aí desde 2019 para cá, deputado federal que votou muito com o governo. Nossas atitudes valem mais do que discurso. Só aceitei o desafio de ser candidato porque o cenário político no município é uma vergonha”.

Ele explicou sua percepção durante o mandato de deputado que sustenta a base política de Bolsonaro – e teceu críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Quando a gente está dentro do processo, eu sendo um deputado federal da base do governo, a gente tem uma visão real do que acontece no país. O STF com 11 ministros, ficando ali 25, 30 anos… Muitos deputados se sentem acuados ao fazer uma crítica. A gente tem imunidade, mas, se a gente não se reeleger, a gente pode ter esses ministros no nosso pé para o resto das nossas vidas. Hoje, eu diria que o STF têm um poder muito maior que o Executivo e o Legislativo. Os 513 deputados não foram postos ali pelo presidente Bolsonaro”, analisou.

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Em seguida, fez uma metáfora de natação para endossar seu apoio ao mandatário.

“É como uma travessia de natação, eu fui um atleta de natação, nadei no mar. Muitas das vezes você não enxerga determinada boia, mas você sabe aonde você quer chegar, quando você quer chegar, e o adversário que você quer ganhar. O presidente às vezes tem umas decisões que causam dúvidas nas pessoas. Mas ele está no meio da travessia, e só ele sabe a melhor forma de sair de determinadas situações. O modelo político brasileiro não dá ao presidente uma individualidade no governo. Ele tem que compor. Mas ele não sai do objetivo, da raiz dele, daquilo que ele acredita”, refletiu o candidato.

Guarda Municipal armada

O candidato do PSL defendeu que os guardas municipais sejam armados para trazer mais segurança nas ruas do Rio de Janeiro – uma proposta de endurecimento polêmica, já que, por lei, eles não podem portar armamentos.

“A Guarda Municipal tem 7.300 homens, aproximadamente. (…) Sempre percebi que a Guarda deve estar armada para ajudar a Polícia Militar. Trabalhando juntos, em conjunto com a Polícia Militar, o cidadão vai se sentir mais seguro e mais protegido, garantindo o funcionamento do nosso comércio e conservação das áreas públicas”, opinou.

Ele também disse que vai garantir a continuidade do programa Segurança Presente, que avalia como bem-sucedido e que é fruto de um trabalho conjunto entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar.

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Reforma da Previdência e investimento em turismo

Questionado pelo colunista Ricardo Rangel, Lima também garantiu que vai promover a Reforma da Previdência na esfera municipal. Ele lembrou que votou a favor da matéria no âmbito federal.

“A reforma da previdência municipal é extremamente necessária. Nós temos hoje aproximadamente 211 mil servidores do município inativos, ativos e pensionistas. É muita gente. Vai caber à Câmara Municipal, com 51 vereadores, levar o município a um ponto [da reforma]. Nosso gasto hoje supera nossa receita, e precisamos melhorar a arrecadação. O município do Rio de Janeiro é um município turístico, sejam turistas internos ou do exterior. Vamos desburocratizar os eventos culturais e esportivos. Investir na cultura, no turismo e na segurança [é importante]. E vamos voltar com a Secretaria de Ordem Pública”, declarou.

Ele se posicionou a favor do Carnaval, evento que movimenta o segmento turístico na capital fluminense. “Não só a prefeitura deve incentivar o Carnaval, mas todo o o setor turístico, de entretenimento. A gente tem que entender que o turismo e o turista financiam a educação. A gente precisa, em cada secretaria, de pessoas técnicas e com responsabilidade”, afirmou ele.

O candidato também declarou que vai investir em áreas como o Centro do Rio e a Zona Portuária.

“O centro do Rio de Janeiro, por exemplo. Tenho andado muito pelo Rio de Janeiro. Todo o Centro de grandes cidades têm residências. O centro do Rio precisa ser ocupado, a zona portuária precisa ocupada. É o apontamento numero um dos comerciantes, dos escritórios da região, das pessoas que vivem por lá”, declarou.

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Ele evitou, no entanto, falar sobre uma eventual privatização da Comlurb, Companhia de Limpeza Urbana do Rio. “Eu precisaria sentar com o secretário, mas seria temerário eu dizer algo agora”, disse.

“Limpeza” na administração pública

Perguntado sobre o que queria dizer com a “faxina” na administração pública, que vem defendendo em sua propaganda política eleitoral veiculada na televisão, o candidato do PSL disse que vai reduzir os cargos comissionados e que vai colocar “pessoas competentes” na administração pública municipal.

“O prefeito Crivella aumentou em 400 os cargos comissionados. A limpeza que eu falo é a gente ocupar os cargos com pessoas boas, com pessoas pessoas competentes. As Secretarias hoje não são ocupadas pelas melhores pessoas. A limpeza é fazer com o que o carioca perceba que ele está sendo cuidado com responsabilidade”, avaliou.

Sistema transporte público

Na visão do candidato do PSL, “o planejamento da mobilidade urbana no Rio de Janeiro não acompanha a velocidade do crescimento e da necessidade da sociedade”.

Ele demonstrou preocupação com os BRTs, uma espécie de corredor de ônibus que atende a Zona Oeste do Rio.

“O metrô que chegou a Botafogo nos anos 1980 deveria ter chegado à Barra da Tijuca, acompanhando o Plano Lúcio Costa [de transporte urbano]. A gente não teve o Plano Lúcio Costa seguido para a Barra da Tijuca, o metrô chegou muito tarde, o BRT aliviou. Mas o BRT não supre a demanda. O BRT foi mal-construído da Cidade da Música até Santa Cruz. O asfalto teve uma base de concreto. A Transbrasil, na Avenida Brasil, que passa por 26 bairros, até hoje, desde o governo Eduardo Paes, não houve um planejamento de uso. Estou extremamente preocupado. Se hoje não se termina a construção do BRT e das suas estações, não tem como ônibus andar pela Avenida Brasil”, analisou.

Lima vê uma completa “falta de planejamento e o não cumprimento daquilo que foi planejado há 30, 40 anos” e declarou que pode revisar os contratos com as concessionárias do BRT que oferecem o transporte público municipal.

“Ou elas oferecem o serviço (…) e cumprem o que é prometido, e principalmente um bom serviço ao cidadão ou a gente abre uma nova licitação”, disse.

Volta às aulas imediata

O candidato defendeu a volta às aulas presenciais imediatamente, ainda que o tema seja controverso devido à pandemia do coronavírus.

“Temos 1542 escolas, 40 mil professores, 640 mil alunos. É tão grande o número de colégios municipais no Rio que, se o prefeito visitar uma escola por dia, não consegue visitar todas até o fim do mandato. Eu pretendo fazer o retorno imediato das aulas. Imediato”, enfatizou Lima.

Ele disse que as prioridades de um eventual governo seu para a pasta vão ser a cultura e a educação física.

“Junto com o secretário de Educação, a gente vai ter uma atitude emergencial. Cultura e educação física serão os pilares da Educação. Sou uma pessoa bastante flexível e pragmática, nós precisamos fazer as nossas crianças lerem e escreverem com oito anos, coisa que não acontece. Sei que muitos colégios estão em áreas de vulnerabilidade, mas cada colégio tem que ter a sua meta, cada professor. Vou trabalhar com bonificação, se atingir metas o professor será premiado, mas precisamos ter metas e objetivos na educação do Rio de Janeiro”, afirmou.

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