Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Luca Scarpelli Diniz, 27: o vestido enterrado no quintal

'Desejava dormir e acordar menino', diz o hoje publicitário, que guardou por um mês o e-mail que enviaria aos pais para contar que não queria ser mulher

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 29 jan 2021, 10h52 - Publicado em 13 out 2017, 09h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O publicitário Luca Almeida Scarpelli Diniz, de 27 anos, que atualmente mora em Lisboa (Portugal),  escondeu a sete chaves, por aproximadamente um mês, um e-mail em que contava aos pais que era um homem transexual e que daria início a sua transição de gênero por meio do tratamento hormonal e de cirurgias. Faltava-lhe coragem para contar ao mundo que ele era um homem e não uma mulher como todos pensavam, por isso, o e-mail ficou guardado esperando o momento certo em que ele assumiria a sua verdadeira vida.

    Publicidade

    Luca “virou a chave” e decidiu assumir sua condição depois de participar, em São Paulo, de uma caminhada pelos direitos das pessoas transexuais. “Quando eu vi aquelas pessoas, fiquei em choque. Era eu que estava sendo representado ali. Eu estava querendo enganar a quem? Não havia mais tempo a perder”, conta Luca, que voltou para Lisboa e enviou o e-mail aos pais. Nem mesmo os 7.482 quilômetros que separam o Brasil de Portugal foram suficientes para diminuir a ansiedade de Luca, que temia ser mal interpretado e, consequentemente, rejeitado pelos pais.

    Publicidade

    Em menos de trinta minutos, uma mensagem no celular promoveu uma sensação de alívio nunca antes imaginada: “Tá bom, meu filho, mas qual é a novidade?”, escreveu o pai de Luca, indicando que já sabia da condição do filho mesmo antes de ele ter tido coragem de se abrir.  A mãe foi um pouco menos receptiva, pediu um tempo para processar a informação, mas também aceitou a transição de Luca com uma naturalidade que o jovem não imaginava. “Nunca estive tão feliz e completo na minha vida como estou hoje. Me sinto absolutamente realizado”, afirmou a VEJA.

    Continua após a publicidade

    Na infância, Luca tinha um irmão mais velho que era a sua inspiração. Com a mesada que recebia dos pais, os dois saíam para comprar figurinhas do Comandos em Ação. As bonecas que ganhava de presente ficavam jogadas no canto, pois Luca gostava mesmo era de andar de patinete, de bicicleta e de brincar de bola na rua. Das suas memórias mais engraçadas, lembra-se de ter enterrado um vestido no quintal de casa quando tinha 4 anos, pois não queria usá-lo. Foi dedurado pelo jardineiro, que encontrou a peça.

    Publicidade

    Mesmo se estranhando como menina, Luca teve uma infância considerada normal e não entendia muito bem o que acontecia. O conflito de identidade de gênero surgiu por volta dos 12 anos, quando ocorreu a primeira menstruação, os peitos cresceram e Luca entrou definitivamente na puberdade feminina. “Foi nessa época que eu percebi que era diferente do meu irmão. Foi a pior época da minha vida. Desejava dormir e acordar menino. Chorava direto”, conta.

    Foi nessa época [da primeira menstruação] que eu percebi que era diferente do meu irmão. Foi a pior época da minha vida. Desejava dormir e acordar menino. Chorava direto

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Aos 16, Luca se mudou de Belo Horizonte para São Paulo. Com o visual cada vez mais masculino, chegou a pensar que era uma mulher lésbica, mas, por mais que tentasse viver essa realidade, ainda assim não se identificava com o corpo feminino. Depois de muita pesquisa, descobriu o termo transexual, mas, mesmo assim, por muito tempo tentou se enquadrar no mundo feminino. “Eu era transfóbico comigo mesmo. Eu reprimi a identidade de gênero em mim, não sabia lidar com essa realidade”, relembra.

    Conheça a história de dez transexuais

    Publicidade


    Ariadne Ribeiro
    36 anos, pedagoga

    Continua após a publicidade


    Bruna Coutinho da Silva
    52 anos, professora


    Erick Barbi
    38 anos, músico, empresário e publicitário


    Gabriel Graça de Oliveira
    51 anos, psiquiatra e professor

    Continua após a publicidade


    Jordhan Lessa
    50 anos, guarda civil


    Laura de Castro Teixeira
    36 anos, delegada


    Leona Jhovs
    30 anos, atriz, produtora e apresentadora

    Continua após a publicidade


    Luca Scarpelli
    27 anos, publicitário


    Luiza Coppieters
    38 anos, professora


    Matthew Miranda Gondin
    25 anos, auxiliar de escritório e empresário

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.