A Justiça de São Paulo suspendeu um evento religioso marcado para as 23 horas desta sexta-feira na Igreja Mundial do Poder de Deus, em Guarulhos, na Grande São Paulo. O fluxo de fiéis rumo ao templo provocou, em 1º de janeiro, um enorme congestionamento da Via Dutra, quando milhares de pessoas voltavam do feriado de fim de ano, e outras tentavam chegar ao aeroporto internacional de Guarulhos. O juiz Rafael Tocantins Maltez, da 2º Vara da Fazenda Pública de Guarulhos, cita em sua decisão liminar a reportagem da VEJA São Paulo “O templo do caos”, da edição de 11 de janeiro. “Ao que tudo indica, o caos irá se repetir”, afirmou Maltez. Leia também: Igreja Mundial do Poder de Deus, o templo do caos Caso a igreja descumpra a decisão judicial, terá de pagar multa de 100.000 reais. Procurada pela reportagem, em um primeiro momento, a Igreja Mundial do Poder de Deus informou ainda não ter sido comunicada sobre a decisão judicial. Às 21 horas, o apóstolo Valdemiro Santiago, líder da congregação, estava no ar no programa de televisão da igreja, em uma transmissão ao vivo do templo em Guarulhos, já lotado de fieis. Ele garantiu que a vigília está mantida. “Às 23 horas começa o evento e tudo o que vocês podem fazer é orar por mim porque eu vou fazer o evento”, disse. “É melhor ser perseguido por fazer a obra do que por estar cometendo um crime. Essa é minha fé. Eu não vou parar de pregar a palavra de Deus. Nosso país é livre.” A Justiça foi acionada por meio de uma ação popular. O principal argumento para a suspensão do evento é que a igreja ultrapassou em muito a lotação máxima do espaço. O templo tem licença para receber até 30.000 pessoas. Em seu site da internet, no entanto, informa ter capacidade para 150.000 pessoas. No dia 1º, quando o espaço foi inaugurado, recebeu 450.000 fieis. “A Igreja Mundial já demonstrou que não cumpriu o alvará, causando caos, insegurança, engarrafamento, desordem e prejuízos na cidade de Guarulhos”, diz na decisão o juiz. “No direito à liberdade de consciência religiosa não está incluída a instauração de caos em local situado em cidade chave para a população do estado de São Paulo.”