Justiça determina buscas em reserva indígena após morte de caçadores
Reserva indígena Parakanã, no Pará, vive clima de tensão com fazendeiros, ampliado depois do assassinato de três pessoas há pouco mais de uma semana
O juiz Heitor Moura Gomes, da Vara Cível e Criminal de Tucuruí (PA), determinou que a Polícia Federal faça uma operação de busca e apreensão dentro da reserva indígena Parakanã, próxima ao município de Novo Repartimento, no sudeste do estado. Dezoito aldeias são alvo da decisão judicial.
A medida ocorre após três caçadores terem sido assassinados depois de terem entrado, no domingo, 24, na área para caçar animais silvestres. O clima de tensão – com indígenas e não indígenas armados – e ameaças de uma iminente invasão da terra indígena já haviam levado à obstrução de parte da Transamazônica, que, por ordem do mesmo juiz, agora terá de ser liberada.
De acordo com a Polícia Federal, depois do desaparecimento dos caçadores, no dia 24, policiais tiveram acesso a um áudio que relatava os homicídios. Em investigações preliminares que embasaram a ordem de busca, há relatos de ameaças de derrubada da ponte sobre o Rio Pucuruí, no município de Novo Repartimento, “animosidades constantes com caminhoneiros” e promessas de invasão da terra indígena em represália às três mortes. A PF também identificou ameaças de tomada das casas de apoios aos indígenas localizadas na cidade a cerca de 30 km da reserva e relatou à Justiça que o pai de uma das vítimas tem oferecido abrigo aos manifestantes à espera da deflagração de uma ofensiva.
Por determinação da Justiça, a Força Nacional de Segurança também foi enviada ao local e tem ordem para permanecer na região por pelo menos mais 15 dias.