Justiça condena a 9 anos de prisão acusado de tentar matar gay com golpes de lâmpada
Réu está foragido e não poderá recorrer em liberdade. Ele integrava uma gangue de adolescentes que fez ataques homofóbicos
A 1ª Vara do Tribunal do Júri de São Paulo condenou a nove anos de prisão em regime fechado o homem acusado de tentar matar, com golpes de lâmpada fluorescente e sufocamento, um estudante homossexual na Avenida Paulista, em novembro de 2010. Jonathan Lauton Domingues está foragido da Justiça e não poderá recorrer em liberdade.
Na sentença, a juíza escreveu que Domingues é “pessoa perigosa, com conduta social não consoante à moralidade média”. Ele tinha 19 anos de idade quando cometeu o crime e aplicou um golpe para asfixiar a vítima. “Não se admite que no mundo em que vivemos hoje haja espaço para tais comportamentos em que não se respeitam as diversidades de escolhas”, escreveu a juíza Renata Mahalem da Silva Teles. A sentença foi registrada nesta quarta-feira.
Conforme a denúncia, Domingues e quatro adolescentes tentaram matar o jovem Luís Alberto Betonio na manhã de 14 de novembro de 2010, enquanto a vítima caminhava com dois amigos na calçada da Avenida Paulista, na altura do número 777. Betonio foi surpreendido com o ataque: um dos menores quebrou a lâmpada no rosto dele e outra, nas costas. Além de bater em Betonio com as lâmpadas, eles tentaram asfixia-lo com um golpe “gravata” no pescoço. A agressão foi registrada por câmeras de vigilância.
Pouco antes, a gangue homofóbica havia agredido com socos e pontapés três outros rapazes, além de terem furtado objetos de um deles. Ele não foi punido por esses crimes: as lesões corporais prescreveram, e não ficou provado que Domingues foi autor do furto, o que levou o Conselho de Sentença a absolvê-lo. Os menores foram apreendidos na época do crime.
“O réu e seus comparsas praticaram o delito por nutrirem verdadeiro ódio por homossexuais, instilado, portanto, pela homofobia, sendo intolerantes à opção sexual da vítima, tanto que as agressões se concentraram na região do rosto, com nítido intuito de hostilizá-la”, anotou na sentença a juíza. “Não se pode olvidar, ainda, as consequências do delito trazidas para a vítima. De se ver pelos relatos de Luis Aberto que os fatos não o atingiram apenas fisicamente, mas também e, nesse aspecto, ainda de forma mais enfática, em sua vida privada, mais precisamente em sua intimidade sexual, eis que foi exposto e perseguido pela mídia, sendo alvo de piadas, e ainda sofreu preconceito por parte de vizinhos, devassando sua intimidade perante sua família, fato que lhe acarretou problemas de relacionamento com alguns familiares.”