Joalheria lista 460 joias compradas por Cabral e aliados
Tesouro de pedras e metais preciosos comprado na joalheria Antonio Bernardo entre 2000 e 2016 tem valor total de 5,7 milhões de reais
A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro recebeu da grife Antonio Bernardo uma lista com 460 joias compradas pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), preso na Operação Calicute, para sua mulher, Adriana Ancelmo, e outros envolvidos no caso. Segundo o relatório, o tesouro de pedras e metais preciosos amealhado foi comprado entre 2000 e 2016, num valor total de 5,7 milhões de reais. A maior parte foi paga em dinheiro vivo. Entre as peças há anéis, brincos, colares, pingentes e pulseiras de ouro amarelo, branco, esmeraldas, diamantes, turmalina e pérolas.
O item mais caro é um par de brincos de turmalina paraíba com diamantes, de 612.000 reais. O colar “Blue Paradise”, também de turmalina paraíba, custou 229.000 reais. Já os brincos Blue Cluster foram adquiridos por Cabral por 125.200 reais, e os brincos Folhagem de Esmeraldas 138.960 reais. Os brincos Coruja de Diamantes foram pagos, em espécie, ao preço de 18.950 reais, assim como o brinco Blacklava, comprado em dinheiro vivo por 23.940 reais.
O relatório foi enviado pela Antonio Bernardo ao Ministério Público Federal do Rio, a pedido do juiz federal Marcelo Bretas. As 356 páginas mostram as imagens das joias compradas por Cabral, Adriana e os supostos operadores do ex-governador: Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, Maria Angélica dos Santos Miranda, Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves e Luiz Carlos Bezerra.
Há também a descrição das joias e o modo como elas foram compradas: dinheiro em espécie, cheques e cartões. Segundo a empresa relata ao MPF, os cheques foram dados por Cabral e Adriana apenas para garantir os pagamentos, mas depois eram devolvidos e trocados por dinheiro em espécie.
Também há notas fiscais em nome do governador pelas compras das joias. Apesar de terem sido adquiridas entre 2000 e 2016, as notas foram emitidas entre os dias 25 e 27 de novembro de 2016 – oito dias após a prisão de Cabral, acusado de montar um esquema milionário de corrupção instalado na administração do peemedebista (2007/2014).
O trabalho do MPF agora é cruzar a lista de joias relatadas pela Antonio Bernardo com as joias encontradas na casa de Cabral no dia 17, quando foi preso. A Polícia Federal encontrou, durante a Operação Calicute, 300 joias. A polícia suspeita que o ex-governador usava as peças para lavar dinheiro.
Até esta quinta-feira, a defesa do ex-governador não havia entrado com nenhum recurso ou pedido de habeas corpus contra a decisão que o levou à prisão. Ele está preso em Bangu 8.
(com Estadão Conteúdo)